EREM Dr. Jaime Monteiro
Gameleira, ____ de __________ de 2014
Aluno(a):__________________________________________
Professora: Márcia
Oliveira da Silva
Ano: 9ºB
EXERCÍCIO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Leia
atentamente o texto abaixo para responder ao que se pede.
GENTE
É BICHO E BICHO É GENTE
Querido Diário, não tenho mais dúvida de que
este mundo está virado ao avesso! Fui ontem à cidade com minha mãe e você não faz ideia do que eu vi.
Uma coisa horrível, horripilante, escabrosa, assustadora, triste, estranha,
diferente, desumana... E eu fiquei chateada.
Eu vi
um homem, um ser humano, igual a nós, remexendo na lata de lixo. E sabe o que
ele estava procurando? Ele buscava, no lixo,
restos de alimento. Ele procurava comida!
Querido Diário, como pode isso? Alguém
revirando uma lata cheia de coisas imundas e retirar dela algo para comer? Pois
foi assim mesmo, do jeitinho que estou contando. Ele colocou num saco de
plástico enorme um montão de comida que um restaurante havia jogado fora. Aarghh!!!
Devia estar horrível!
Mas o homem parecia bastante satisfeito por
ter encontrado aqueles restos. Na mesma hora, querido Diário, olhei assustadíssima para a mamãe. Ela
compreendeu o meu assombro. Virei para ela e perguntei: “Mãe, aquele homem vai
comer aquilo?” Mamãe fez um “sim” com a cabeça e, em seguida, continuou: “Viu,
entende por que eu fico brava quando você reclama da comida?”.
É
verdade! Muitas vezes, eu me recuso a comer chuchu, quiabo, abobrinha e
moranga. E larguei no prato, duas vezes, um montão de repolho, que eu odeio!
Puxa vida! Eu me senti muito envergonhada!
Vendo
aquela cena, ainda me lembrei do Pó, nosso cachorro. Nem ele come uma comida
igual àquela que o homem buscou do lixo. Engraçado,
querido Diário, o nosso cão vive bem melhor do que aquele homem.
Tem
alguma coisa errada nessa história, você não acha?
Como pode um ser humano comer comida do lixo
e o meu cachorro comer comida limpinha? Como pode,
querido Diário, bicho tratado como gente e gente vivendo como bicho? Naquela
noite eu rezei, pedindo que Deus conserte logo este mundo. Ele nunca falha. E
jamais deixa de atender os meus pedidos. Só assim, eu consegui adormecer um
pouquinho mais feliz.
(OLIVEIRA,
Pedro Antônio. Gente é bicho e bicho é gente. Diário da Tarde. Belo Horizonte,
16 out. 1999).
01.
A que gênero pertence o texto lido? Que marcas textuais comprovam essa afirmativa?
02.
A narradora inicia seu relato afirmando não ter mais dúvida de que o mundo está
“virado ao avesso”? Por que ela afirma isso?
03.
O texto aborda uma problemática social muito específica. Indique tal
problemática e justifique sua resposta.
04.
Em certo trecho, a narradora se diz muito envergonhada? Do que ela se
envergonha?
05.
A narradora compara a vida de seu cachorro à vida do homem que buscava comida
no lixo. A partir dessa comparação, pode-se afirmar que o autor do texto quer
mostrar a vida humana, muitas vezes, sendo menos valorizada que a vida de um
animal? Justifique seus comentários.
06.
No final do relato, a narradora deposita sua confiança em um ser divino. Por
que ela não deposita essa confiança em outro ser humano? Explique.
07. Em sua opinião, o que pode ser feito para
diminuir o sofrimento de pessoas como o homem retratado no relato? Justifique.
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