Exercício de interpretação
de texto - 7º ano
1. Leitura
compartilhada
Os quatro ladrões
Diz que era uma vez quatro ladrões muito sabidos e
finos. Num domingo de manhã estavam deitados, gozando a sombra de uma árvore,
quando viram passar na estrada um homem levando um carneiro grande e gordo.
Palpitaram furtar o carneiro e comê-lo assado. Acertaram um plano e se
espalharam por dentro do mato.
O primeiro ladrão foi para o caminho, encontrando o
homem do carneiro e salvou-o:
— Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
— Para sempre seja louvado!
— O senhor, que mal pergunto, para onde leva este
cachorrinho?
— Que cachorrinho?
— Esse aí que está amarrado numa corda! Bem
bonitinho!
— Isso não é cachorro. É carneiro. Repare direito.
— Estou reparando,
mas é cachorro inteiro. Vigie o focinho, as patas, o pelo. É cachorro e dos
bons.
Separaram-se e o
dono do carneiro ficou olhando o animal meio desconfiado. Adiante saiu o
segundo ladrão, deu as horas, e foi logo entrando na conversa:
— Cachorro bonito!
Esse dá para tatu e cutia. Focinho fino, bom para farejar. Perna fina
corredeira. É capaz de correr veado. Onde comprou o bicho?
— O senhor repare
que não é cachorro. É um carneiro. Já outro cidadão ali atrás veio com essa
palúxia para meu lado. Bote os olhos direito no bicho.
— Homem, desde que
nasci que conheço cachorro e carneiro. Se esse aí não é o cachorro eu ando
espritado. Deixar de conhecer cachorro?
O homem seguiu
sozinho, mas não tirava os olhos do carneiro, quase convencido de que comprara
o bicho errado. O outro ladrão apareceu e fez a mesma conversa, misturando os
dois animais, e ficando espantado quando o dono dizia que era um carneiro.
Discutiram um bom pedaço e o terceiro ladrão espirrou para dentro do
marmeleiro.
O quarto camarada
veio e puxou conversa, oferecendo preço para o cachorro que dizia ser bom
caçador de preás. Deu os sinais de cachorro de faro e todos encontravam no
bicho que o homem ia levando.
Assim que despediu,
o dono do carneiro, que ia comendo o animal com os olhos, parou, desatou o laço
da corda e soltou o carneiro, certo e mais que certo que o carneiro era
cachorro.
Os quatro ladrões
que vinham acompanhando por dentro da capoeira agarraram o carneiro e fizeram
dele um almoço especial.
CASCUDO, Luís da C.
Contos tradicionais do Brasil. 13. ed., 6ª reimp. São Paulo: Global,
2009.
2. Analisando o texto
a) Discuta com seus colegas:
Os ladrões agem como na maioria dos furtos?
Explique. Resposta pessoal.
b) Que argumentos cada ladrão usou para convencer o homem de que ele tinha
um cachorro?
1º ladrão: Afirma que o animal é um cachorro e ainda aponta o focinho, as patas, o
pelo como provas de que é um cachorro.
2º ladrão: Afirma que o animal é um cachorro farejador, bom para caçar tatu e cutia.
3º ladrão: Repetiu os argumentos do primeiro e do segundo ladrão.
4º ladrão: Afirmou que o animal era um cachorro bom para caçar preás.
c) Qual foi a consequência da estratégia usada pelos ladrões para conseguir
o carneiro?
O homem
desistiu do carneiro, convencido de que era um cachorro.
d) O que você acha da estratégia usada pelos homens para conseguir o
carneiro? Você considera que houve realmente um furto? Resposta
pessoal.
3. Analisando as palavras e expressões do texto
a) No segundo parágrafo do texto, que palavra ou expressão é usada para
introduzir a fala do primeiro ladrão? Sublinhe-a no texto. Salvou-o.
b) Que expressões são usadas para introduzir a fala do segundo ladrão?
Sublinhe-as no texto.
c) Que outras expressões poderiam ser usadas para isso? Foi logo entrando na
conversa.
● Na fala do
primeiro ladrão: Cumprimentou-o,
saudou-o.
● Na fala do
segundo ladrão: Puxando conversa,
conversando.
d) Releia os trechos a seguir e diga qual é o sentido das expressões
sublinhadas:
● “— O
senhor repare que não é cachorro. É um carneiro. Já outro cidadão ali atrás veio
com essa palúxia para meu lado.” Veio com essa conversa para o meu lado. Veio com esse papo pra cima de
mim.
● “Discutiram
um bom pedaço e o terceiro ladrão espirrou para dentro do marmeleiro.”
Correu para
dentro do mato. Voltou rapidamente para dentro do mato.
● “Assim
que despediu, o dono do carneiro, que ia comendo o animal com os olhos, [...]”
Olhando
fixamente o animal; olhando o animal com atenção.
e) Por que você imagina que o texto usa essas expressões?
Para tornar
a fala das personagens mais verossímil, isto é, mais próxima de como seria em
uma conversa cotidiana.
4. Analisando o começo do conto.
a) Releia:
Diz que era uma vez quatro ladrões muito sabidos e
finos. Num domingo de manhã estavam deitados, gozando a sombra de uma árvore,
quando viram passar na estrada um homem levando um carneiro grande e gordo.
Palpitaram furtar o carneiro e comê-lo assado. Acertaram um plano e se
espalharam por dentro do mato.
b) De acordo com esse trecho, o cenário (local onde se passa o fato
narrado)
( X ) é
apresentado primeiro e depois se sabe o que aconteceu nele.
( ) não é apresentado de início.
Vai-se tomando conhecimento dele no desenrolar da narrativa.
( ) não é importante para o
conto, por isso não há menção ao lugar onde se passa o fato.
c) E a expressão temporal “Diz que era uma vez” o que sugere: um tempo
exato em que é possível situar a história ou o tempo do faz de conta?
O tempo do
faz de conta.
5. Analisando a passagem do tempo nos contos
a) Agora, releia o conto “Os quatro ladrões” e identifique as palavras e as
expressões que indicam a passagem do tempo. Sublinhe-as no texto.
“Num domingo de manhã”; “adiante”;
Assim que despediu”.
b) Em sua opinião, o uso dessas expressões é importante na organização do
texto? Por quê?
Resposta
pessoal. Espera-se que o aluno reconheça sua importância na organização da
ordem dos acontecimentos no texto.
6. Analisando o desenvolvimento do conto
a) Ao verem o homem passar com o carneiro, que ideia os ladrões tiveram?
A ideia de
furtar o carneiro.
b) Qual é o plano para colocar a ideia em prática?
Espera-se
que o aluno seja capaz de inferir o plano latente nas ações narradas: convencer
o dono do carneiro de que o animal era um cachorro.
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