O ARTIGO DE OPINIÃO é um texto argumentativo, opinativo, de caráter persuasivo, o qual dá ao
autor maior liberdade de expressão. É claro que o domínio do assunto abordado é
imprescindível, além do respeito à linguagem formal.
Contudo, é um texto em que se observa a
presença de ironias, citações intertextuais, metáforas, provérbios e
explicações diversas sobre o ponto de vista do autor em relação ao tema
proposto.
É importante lembrar sempre que
a estrutura INTRODUÇÃO; DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO deve ser obedecida. Para
isso, criei algumas sugestões para orientar meus alunos a produzirem o artigo
de opinião de forma coerente, sem fugirem do tema. Vejam a seguir. |
Para a INTRODUÇÂO, (em cinco a sete linhas) podem escolher a
abordagem, apresentação do assunto através de:
a) questionamentos(considerando
que todos deverão ser respondidos pelo autor, ao longo do texto)
b) alusão histórica
c) comparação entre passado,
presente e perspectiva para situações futuras
d) relatos de fatos relacionados
ao assunto e posicionamento do autor sobre eles
e) citação de um provérbio, dito
popular ou pensamento filosófico conhecido relacionados ao assunto e apresentar
a explicação para eles
f) dados estatísticos
g) declaração sobre o assunto
h) definição do assunto e
posicionamento a respeito dela
Quanto ao DESENVOLVIMENTO, (em três parágrafos, com mais ou menos quinze linhas) sugiro que, ao argumentar sobre o assunto, visto que o artigo de opinião é um texto de caráter persuasivo, os alunos apresentem sobre o assunto abordado na introdução:
a) causas e consequências para a
situação-problema abordada na introdução
b) exemplos que ilustrem o
assunto
c) comparações
d) justificativas
e) citações
Já no DESFECHO (em cinco a sete linhas) de um artigo de opinião, o ideal é elaborar a chamada CONCLUSÃO-PROPOSTA através de:
apresentação de soluções para a situação-problema ou sugestões para melhorias ou conservação do que, ao longo do texto, o autor definiu como fatores positivos sobre o assunto. O ideal é que o artigo de opinião denote as perspectivas do seu autor em relação ao tema abordado.
Observe o modelo
Sou contra
a redução da maioridade penal
Renato
Roseno
A
brutalidade cometida contra os dois jovens em São Paulo reacendeu a fogueira
da redução da idade penal. Algumas pessoas defendem a ideia de que a partir dos dezesseis anos os jovens que
cometem crimes devem cumprir pena em prisão. Acreditam que a violência pode
estar aumentando porque as penas que estão previstas em lei, ou a aplicação
delas, são muito suaves para os menores de idade. Mas é necessário pensar nos porquês da violência, já que não há um único
tipo de crime.
Vivemos em um sistema socioeconômico
historicamente desigual e violento, que só pode gerar mais violência. Então,
medidas mais repressivas nos dão a falsa sensação de que algo está sendo feito,
mas o problema só piora. Por isso, temos que fazer as opções mais eficientes e
mais condizentes com os valores que defendemos.
Defendo uma sociedade que cometa menos
crimes e que não puna mais. Em nenhum lugar do mundo houve experiência positiva
de adolescentes e adultos juntos no mesmo sistema penal. Fazer isso não
diminuirá a violência. Nosso sistema penal como está não melhora as pessoas.
O problema não está só na lei, mas na
capacidade de aplicá-la.
Sou contra porque a possibilidade de
sobrevivência e transformação desses adolescentes está na correta aplicação do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lá estão previstas seis medidas
diferentes para a responsabilização de adolescentes que violaram a lei. Para
bom uso do ECA é necessário dinheiro, competência e vontade.
Sou contra toda e qualquer forma de
impunidade. Quem fere a lei deve ser responsabilizado. Mas reduzir a idade
penal é ineficiente para atacar o problema. Problemas complexos não serão
superados por abordagens simplórias e imediatistas. Precisamos de inteligência,
orçamento e, sobretudo, um projeto ético e político de sociedade que valorize a
vida em todas as suas formas. Nossos jovens não precisam ir para a cadeia.
Precisam sair do caminho que os leva lá. A decisão agora é nossa: se queremos
construir um país com mais prisões ou com mais parques e escolas.
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