domingo, 4 de maio de 2014

CRÔNICA O desabafo de um bom marido

Exercício de interpretação -  Texto: O desabafo de um bom marido



Desabafo de um bom marido

          Minha esposa e eu sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras. Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica. Então ela disse : “Nós  temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar”. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.
          Eu me casei com a “Sra. Certa”. Só não sabia que o primeiro nome dela era “Sempre”. Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la. Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: “O que tem na TV?” E eu disse “Poeira”. No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem o Mundo tiveram mais descanso.
          Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes, o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim. Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa. Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei.
          “- Quando você terminar de cortar a grama”, eu disse, “você pode também varrer a calçada.”
           Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida.
           O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido...
                                                                                                                                                                             
Luís Fernando Veríssimo 
01. No texto “Desabafo de um bom marido”, o narrador satiriza a relação marido e mulher, utilizando alguns recursos expressivos para criar o efeito humorístico que cativa o leitor. Dentre esses recursos destacamos a quebra de expectativa, em que uma afirmação quebra a expectativa criada por uma afirmação anterior. Esse recurso é observado no trecho :

(A) “Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida”.
(B) Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo.










(C) Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha.
(D) No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou.
(E) Minha esposa e eu sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras.

02. Observando o foco narrativo podemos afirmar que o narrador é do tipo
(A) narrador-observador intruso
(B) narrador- observador parcial
(C) narrador- personagem testemunha
(D) narrador- personagem protagonista
(E) eu-lírico

03. A palavra desabafo, no título do texto, anuncia que o marido
(A) analisará o comportamento de um bom marido.
(B) atestará a experiência feliz que é seu casamento.
(C) exaltará o relacionamento entre marido e mulher.
(D) falará dos problemas que enfrenta no casamento
(E) dará conselhos sobre como ser um bom marido.

04. A afirmação “Eu me casei com a ‘Sra. Certa’. Só não sabia que o primeiro nome dela era ‘Sempre’.”  leva à compreensão de que
(A) a esposa é sempre fiel ao marido.
(B) o marido encontrou a pessoa certa para ele.
(C) a esposa acha que sempre tem razão.
(D) o marido não compreende a esposa.
(E) a esposa é sempre dedicada ao marido

05. No trecho “Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.’ , a situação é apresentada de forma exagerada para expressar que
(A) a esposa é uma pessoa que fala demais.
(B) o marido nunca interrompe a fala da esposa.
(C) o marido está separado da esposa há 18 meses.
(D) não há diálogo entre marido e mulher.
(E) a esposa está ausente há 18 meses.

06. Ao podar a grama alta com uma tesourinha de costura, a esposa estava
(A) tentando aliviar o estresse do dia a dia.
(B) limpando o jardim que estava muito sujo.
(C) mostrando ao marido como se apara grama.
(D) provocando o marido que não consertava o aparador de grama.
(E) executando uma tarefa doméstica de rotina

07. A resposta do marido à pergunta “O que tem na TV?” causou uma briga entre o casal porque
(A) a pergunta feita pela esposa foi ofensiva.
(B) o marido aproveitou a ambiguidade da pergunta para provocar a esposa.
(C) a resposta do marido mostrava a indiferença dele em relação à esposa.
(D) o marido não entendeu a pergunta da esposa.
(E) a esposa não entendeu a resposta do marido.


08. O discurso direto, predominante no texto, é utilizado quando o narrador tem a intenção de
(A) mostrar o marido tentando controlar a esposa.
(B) descrever uma cena do cotidiano do casal.
(C) dar voz as personagens.
(D) tecer considerações sobre o comportamento do casal.
(E) ressaltar que a esposa nunca concorda com o marido.

09. A oração “Quando o nosso cortador de grama quebrou,...” expressa, em relação à oração que a segue, a ideia de
(A) tempo        (B) lugar.          (C) modo.             
(D) causa.        (E) propósito.

10. Em relação aos trechos abaixo
I -  Se eu soltar, ela vai às compras.” (linha 02)
II -  não sabia que o primeiro nome dela era ‘Sempre’.” (linha 09)
III -   faz 18 meses que não falo com minha esposa.” (linhas 08 e 09)
é correto afirmar que as palavras destacadas  expressam,  respectivamente.
(A) tempo, condição e restrição.
(B) condição, restrição e tempo.
(C) condição, tempo e restrição.
(D) restrição, condição, tempo.
(E) tempo, restrição e condição.

11. O texto enfatiza a ideia de que um bom marido é aquele que
(A) não faz gozação com a esposa.
(B) é prestativo nas atividades domésticas.
(C) faz tudo que a esposa quer.
(D) admite que a esposa sempre tem razão.
(E) não provoca brigas
 


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