Usar
água sim; desperdiçar nunca
O verão veio bravo. Ninguém aguenta o
calor. É tempo de piscina, praia, refrescos, sorvetes e muito desperdício de
água.
Esse mau hábito não é novo. Ao ler uma instrutiva
reportagem publicada pelo "Estado" (6/2/2006), fiquei estarrecido ao
saber que o consumo por pessoa em São Paulo é de 200 litros por dia, bem
superior aos 120 litros recomendados pela ONU.
Em 2005, o consumo de água na região da
Grande São Paulo aumentou 4% em relação a 2004. Só em dezembro, foram
consumidos 128 milhões de metros cúbicos de água - o maior consumo desde 1997.
É uma soma fantástica e sinalizadora de
muito desperdício. Os repórteres responsáveis pela reportagem mencionada
"flagraram" muitas pessoas lavando as calçadas com mangueira a jato
em lugar de vassoura. Trata-se de um luxo injustificável. No consumo doméstico,
cerca de 72% da água são gastos no banheiro e, neste, o chuveiro responde por
47%. Os banhos exageradamente demorados desperdiçam água e energia elétrica.
É verdade que o asseio é uma das virtudes
dos brasileiros e devemos conservá-la. Mas não há necessidade de ficar meia
hora debaixo do chuveiro para manter a boa higiene. Quando estudei nos Estados
Unidos, há mais de 50 anos, a dona da república onde morava, uma senhora
franzina e de cara muito fechada, me fez pagar uma sobretaxa de aluguel porque
sabia que, como brasileiro, eu estava acostumado a tomar banho todos os dias e
a "gastar" muita água. Na época, garoto novo, achei a mulherzinha um
monstro de avareza. Hoje, vejo que todas as nações do mundo precisam economizar
água.
O Brasil é um país abençoado por possuir
cerca de 20% da água do mundo. Isso é um privilégio quando se considera que só
3% da água do planeta é aproveitável e que mesmo esses 3% não são imediatamente
utilizáveis, porque uma grande parte está nas geleiras longínquas e em aquíferos
profundos. Na verdade, a quantidade de água que pode ser usada para alimentar
os seres vivos, gerar energia e viabilizar a agricultura é de aproximadamente
0,3%.
Desse ponto de vista, a água é um bem
escasso. Não é porque temos 20% da água do mundo que podemos perdê-la
irresponsavelmente. O uso da água precisa ser racionalizado, em especial nas
grandes aglomerações urbanas, onde os mananciais não dão conta de atender a
população.
O Brasil já possui uma lei das águas,
promulgada em 1997, cujo objetivo central é o de "assegurar à atual e às
futuras gerações a necessária disponibilidade de água". Recentemente, o
Conselho Nacional de Recursos Hídricos aprovou o Plano Nacional de Recursos
Hídricos, com vistas a induzir o uso racional da água
Tais instrumentos são importantes. Mas o
Brasil ganhará muito se as escolas e as famílias ensinarem as crianças a não
repetirem os desperdícios praticados pelos adultos. Comece hoje a ensinar seus
filhos e netos. E, sobretudo, dê o bom exemplo. Afinal, para mudar hábitos, os
exemplos e a educação são peças-chave.
Por Antônio Ermírio de Moraes
Após ler o texto com muita atenção, responda:
1. O autor começa o texto com as coisas boas
que as pessoas fazem no verão. Na sequência faz um comentário que quebra a
expectativa do leitor.
a)Qual é esse comentário?
b) qual é o efeito dessa quebra de
expectativa?
2.Qual é a tese defendida por Antonio Ermírio?
Copie o parágrafo em que essa ideia é expressa.
3.Para convencer o leitor, o autor contrariou
uma justificativa bastante usada pelos brasileiros para os banhos demorados.
a)
Identifique no texto que justificativa é essa.
b)
qual argumento o autor utilizou para
refutar tal justificativa
4.
Quais os argumentos utilizados pelo autor para combater a idéia que no Brasil
não é necessário economizar água?
5. Qual a sua opinião sobre o assunto? Escreva
no mínimo um parágrafo, argumentando sobre seu ponto de vista.
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