segunda-feira, 1 de abril de 2013

Texto Garoto linha dura



Garoto linha dura

        Deu-se que o Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por cima do travessão, a dita foi de contra a uma vidraça e despedaçou tudo. Pedrinho botou a bola debaixo do braço e sumiu até a hora do jantar, com medo de ser espinafrado pelo pai.
        Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi o Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela qual ela temia que a criança não confessasse o seu crime.
        O pai chamou o Pedrinho e perguntou: - Quem quebrou o vidro, meu filho?
        Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima ideia. O pai achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar para depois.
       Na hora em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo: - Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? - e, ante a negativa reiterada do filho, apelou: - Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.
       Diante disso, Pedrinho, com a maior cara-de-pau, pigarreou e lascou:
      - Quem quebrou foi o garoto do vizinho.
      - Você tem certeza?
      - Juro.
     Aí o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou sem dar a menor mostra de remorso. Apenas - quando o pai fez ameaça - Pedrinho pensou um pouquinho e depois concordou.
     Terminado o jantar o pai pegou o filho pela mão e, já chateadíssimo, rumou para a casa do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha ideias revolucionárias. Virou-se para o pai e aconselhou:
    - Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele não. Quando ele vier atender à porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.
(Stanislaw Ponte Preta, Dois amigos e um chato. São Paulo, Moderna, 1995.)

apelar: chamar em auxílio, recorrer a um expediente.                        
queimar-se: ficar bravo, zangar-se, irar-se.
reiterada: repetida, renovada.
emendar: jogar, chutar.                                                         
subversivo: revolucionário, que quer reformar ou transformar a ordem pública, social ou econômica estabelecida que defende medidas severas contra a subversão.
espinafrar (gíria): repreender com dureza, modificar algo; aquele que pretende destruir ou descompor.       
impacto: choque; impressão muito forte.
travessão: barra de madeira que delimita a parte superior do gol.
linha-dura: autoritário, que abusa do poder

Interpretação do texto

1) Depois que quebrou a vidraça jogando bola, Pedrinho sumiu até a hora do jantar “com medo de ser espinafrado pelo pai”. O menino realmente estava com medo? Marque a alternativa correta:

a) (       ) Talvez não, pois ele vai jogar bola em outro lugar e na hora do jantar já está em casa.
b) (      ) Ficou fora de casa por medo do pai.
c) (       ) Foi passear no parque com os amigos.
d) (      ) Foi para escola.

2) O texto mostra uma situação familiar em que os pais desejam repreender uma falta do filho. A mãe sabia que Pedrinho tinha quebrado a vidraça, mas preferiu esperar o pai chegar. Por que você acha que ela própria não repreendeu o filho? Marque a alternativa correta:

a) (       ) Porque ela tinha que sair para trabalhar.
b) (      ) Por ser mais tolerante que o marido, ou por achar que problemas desse tipo quem
            devia resolver era o pai.
c) (       ) As mães não podem corrigir os filhos.
d) (      ) Ela tinha que fazer compras, por isso deixou para o pai resolver o problema.

3) A forma como os pais educam os filhos varia muito, mas é possível dizer que existem dois modelos básicos de educação: um tradicional e outro moderno.
No modelo tradicional, os pais são mais duros com os filhos e dialogam pouco; o pai é a figura principal. Assinale a resposta correta em relação o modelo de educação moderno.

a) (       ) Os filhos é que resolvem tudo.
b) (      ) Os pais discutem e dialogam com os filhos sobre tudo.
c) (       ) Esse tipo de educação só a mãe resolve.
d) (      ) Esse tipo de educação só o pai resolve.

4) O pai de Pedrinho, ao saber o que o filho aprontara, conversou com ele e disse:
“__ Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? [...] Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.”

a) Por esse trecho, pode-se dizer que o pai estava procurando seguir um modelo tradicional ou um modelo moderno de educação?

b) Por essa fala do pai de Pedrinho, pode-se concluir que ele já sabia quem era o culpado? Por quê?

c) O pai de Pedrinho inicialmente chamou o filho de “meu filho” e depois de “meu filhinho”. O que o pai pretendia com isso?

5) Com a insistência de Pedrinho, “o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo”. Depois, “chateadíssimo”, pegou o filho pela mão e “rumou para a casa do vizinho”.

 Por que o pai, mesmo antes de ir, já estava chateadíssimo?
a) (       ) Porque não conseguiu fazer o filho confessar a verdade.
b) (      ) Porque ele tinha que ir até casa do vizinho.
c) (       ) Porque o pai não gosta de chamar atenção do filho.
d) (      ) Porque estava na hora do seu programa favorito.

6) Pedrinho, prevendo que o filho do vizinho o desmentiria, deu um conselho ao pai. Podemos dizer que, em vez do vizinho, Pedrinho é que era um subversivo? Porquê?

7) Quanto ao modelo de educação adotado pelos pais de Pedrinho, podemos tirar algumas conclusões.
a) Ele é tradicional (linha-dura), moderno (baseado no diálogo) ou uma mistura dos dois? Por quê?
b) Que método o pai iria experimentar depois de sair da casa do vizinho? Por quê?


Texto embaralhado
Objetivos
  • Estruturar textos de forma coerente e coesa.
  • Refletir sobre os elementos responsáveis pela coesão dos parágrafos e construção do sentido do texto.
Estratégias
·         1) Organizar os alunos em duplas ou trios e entregar um envelope com texto embaralhado para cada grupo. Em seguida, oriente os alunos sobre a importância de observar atentamente cada parágrafo antes de montar o texto. Durante a realização da tarefa, observe as hipóteses levantadas pelos alunos para no momento da correção retomar dúvidas quanto à coesão e sentido do texto.
·         2) Realizar a correção oralmente e anotar na lousa as hipóteses e dúvidas da turma. Em seguida, entregue um texto completo para cada grupo e deixe que façam as correções e compreendam as escolhas do autor.
·         3) Retomar estudo sobre coesão e uso dos sinais de pontuação para construção dos sentidos do texto a partir do desempenho da turma.

Na hora em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo: - Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? - e, ante a negativa reiterada do filho, apelou: - Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.

Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi o Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela qual ela temia que a criança não confessasse o seu crime.

O pai chamou o Pedrinho e perguntou: - Quem quebrou o vidro, meu filho?

Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele não. Quando ele vier atender à porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.

Terminado o jantar o pai pegou o filho pela mão e, já chateadíssimo, rumou para a casa do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha ideias revolucionárias. Virou-se para o pai e aconselhou:

- Diante disso, Pedrinho, com a maior cara-de-pau, pigarreou e lascou:

- Quem quebrou foi o garoto do vizinho.

- Juro.

- Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima ideia. O pai achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar para depois.

Aí o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou sem dar a menor mostra de remorso. Apenas - quando o pai fez ameaça - Pedrinho pensou um pouquinho e depois concordou.

Deu-se que o Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por cima do travessão, a dita foi de contra a uma vidraça e despedaçou tudo. Pedrinho botou a bola debaixo do braço e sumiu até a hora do jantar, com medo de ser espinafrado pelo pai.

- Você tem certeza?

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