Garoto linha dura
Deu-se que o Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por cima do travessão, a dita foi de contra a uma vidraça e despedaçou tudo. Pedrinho botou a bola debaixo do braço e sumiu até a hora do jantar, com medo de ser espinafrado pelo pai. Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi o Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela qual ela temia que a criança não confessasse o seu crime. O pai chamou o Pedrinho e perguntou: - Quem quebrou o vidro, meu filho? Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima ideia. O pai achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar para depois. Na hora em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo: - Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? - e, ante a negativa reiterada do filho, apelou: - Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você. Diante disso, Pedrinho, com a maior cara-de-pau, pigarreou e lascou: - Quem quebrou foi o garoto do vizinho. - Você tem certeza? - Juro. Aí o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou sem dar a menor mostra de remorso. Apenas - quando o pai fez ameaça - Pedrinho pensou um pouquinho e depois concordou. Terminado o jantar o pai pegou o filho pela mão e, já chateadíssimo, rumou para a casa do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha ideias revolucionárias. Virou-se para o pai e aconselhou: - Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele não. Quando ele vier atender à porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.
(Stanislaw Ponte
Preta, Dois amigos e um chato. São Paulo, Moderna, 1995.)
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apelar:
chamar em auxílio, recorrer a um expediente.
queimar-se:
ficar bravo, zangar-se, irar-se.
reiterada:
repetida, renovada.
emendar:
jogar, chutar.
subversivo:
revolucionário, que quer reformar ou transformar a ordem pública, social ou
econômica estabelecida que defende medidas severas contra a subversão.
espinafrar
(gíria): repreender com dureza, modificar algo; aquele que pretende destruir ou
descompor.
impacto:
choque; impressão muito forte.
travessão:
barra de madeira que delimita a parte superior do gol.
linha-dura:
autoritário, que abusa do poder
Interpretação do texto
1) Depois que quebrou a vidraça jogando bola,
Pedrinho sumiu até a hora do jantar “com medo de ser espinafrado pelo pai”. O
menino realmente estava com medo? Marque a alternativa correta:
a) ( ) Talvez
não, pois ele vai jogar bola em outro lugar e na hora do jantar já está em
casa.
b) ( )
Ficou fora de casa por medo do pai.
c) ( )
Foi passear no parque com os amigos.
d) ( )
Foi para escola.
2) O texto mostra uma situação familiar em que os
pais desejam repreender uma falta do filho. A mãe sabia que Pedrinho tinha
quebrado a vidraça, mas preferiu esperar o pai chegar. Por que você acha que
ela própria não repreendeu o filho? Marque a alternativa correta:
a) ( )
Porque ela tinha que sair para trabalhar.
b) ( )
Por ser mais tolerante que o marido, ou por achar que problemas desse tipo quem
devia resolver era o pai.
c) ( )
As mães não podem corrigir os filhos.
d) ( )
Ela tinha que fazer compras, por isso deixou para o pai resolver o problema.
3) A forma como os pais educam os filhos varia
muito, mas é possível dizer que existem dois modelos básicos de educação: um
tradicional e outro moderno.
No modelo tradicional, os pais são mais duros com
os filhos e dialogam pouco; o pai é a figura principal. Assinale a resposta
correta em relação o modelo de educação moderno.
a) ( )
Os filhos é que resolvem tudo.
b) ( ) Os
pais discutem e dialogam com os filhos sobre tudo.
c) ( )
Esse tipo de educação só a mãe resolve.
d) ( )
Esse tipo de educação só o pai resolve.
4) O pai de Pedrinho, ao saber o que o filho
aprontara, conversou com ele e disse:
“__ Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu
filho? [...] Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar
você.”
a) Por esse trecho, pode-se dizer que o pai estava
procurando seguir um modelo tradicional ou um modelo moderno de educação?
b) Por essa fala do pai de Pedrinho, pode-se
concluir que ele já sabia quem era o culpado? Por quê?
c) O pai de Pedrinho inicialmente chamou o filho de
“meu filho” e depois de “meu filhinho”. O que o pai pretendia com isso?
5) Com a insistência de Pedrinho, “o pai se queimou
e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo”.
Depois, “chateadíssimo”, pegou o filho pela mão e “rumou para a casa do
vizinho”.
Por que o
pai, mesmo antes de ir, já estava chateadíssimo?
a) ( )
Porque não conseguiu fazer o filho confessar a verdade.
b) ( )
Porque ele tinha que ir até casa do vizinho.
c) ( )
Porque o pai não gosta de chamar atenção do filho.
d) ( )
Porque estava na hora do seu programa favorito.
6) Pedrinho, prevendo que o filho do vizinho o
desmentiria, deu um conselho ao pai. Podemos dizer que, em vez do vizinho,
Pedrinho é que era um subversivo? Porquê?
7) Quanto ao modelo de educação adotado pelos pais
de Pedrinho, podemos tirar algumas conclusões.
a) Ele é tradicional (linha-dura), moderno (baseado
no diálogo) ou uma mistura dos dois? Por quê?
b) Que método o pai iria experimentar depois de
sair da casa do vizinho? Por quê?
Texto embaralhado
Objetivos
- Estruturar textos de forma coerente e coesa.
- Refletir sobre os elementos responsáveis pela coesão dos parágrafos e construção do sentido do texto.
Estratégias
·
1) Organizar os alunos em duplas ou trios e
entregar um envelope com texto embaralhado para cada grupo. Em seguida, oriente
os alunos sobre a importância de observar atentamente cada parágrafo antes de
montar o texto. Durante a realização da tarefa, observe as hipóteses levantadas
pelos alunos para no momento da correção retomar dúvidas quanto à coesão e
sentido do texto.
·
2) Realizar a correção oralmente e anotar na lousa
as hipóteses e dúvidas da turma. Em seguida, entregue um texto completo para
cada grupo e deixe que façam as correções e compreendam as escolhas do autor.
·
3) Retomar estudo sobre coesão e uso dos sinais de
pontuação para construção dos sentidos do texto a partir do desempenho da
turma.
Na hora
em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo: - Pedrinho, quem foi
que quebrou a vidraça, meu filho? - e, ante a negativa reiterada do filho,
apelou: - Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.
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Quando
o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que
foi o Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela
qual ela temia que a criança não confessasse o seu crime.
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O pai
chamou o Pedrinho e perguntou: - Quem quebrou o vidro, meu filho?
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Papai,
esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele
não. Quando ele vier atender à porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.
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Terminado
o jantar o pai pegou o filho pela mão e, já chateadíssimo, rumou para a casa
do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha ideias revolucionárias.
Virou-se para o pai e aconselhou:
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Diante disso, Pedrinho, com a maior cara-de-pau, pigarreou e lascou:
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- Quem
quebrou foi o garoto do vizinho.
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- Juro.
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Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima ideia. O pai
achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar
para depois.
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Aí o
pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho
esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou sem dar
a menor mostra de remorso. Apenas - quando o pai fez ameaça - Pedrinho pensou
um pouquinho e depois concordou.
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Deu-se
que o Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por
cima do travessão, a dita foi de contra a uma vidraça e despedaçou tudo.
Pedrinho botou a bola debaixo do braço e sumiu até a hora do jantar, com medo
de ser espinafrado pelo pai.
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- Você
tem certeza?
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