Que texto é esse?
O que é: Notícia, Editorial, Crônica, Artigo, Resenha, Ensaio, Reflexão, Poema e Conto.
Veja como
classificar cada texto!
Professora e crítica literária - Maria da Conceição R. Hora
Professora e crítica literária - Maria da Conceição R. Hora
NOTÍCIA
Notícia é a expressão de um fato novo,
que desperta o interesse do público a que o jornal se destina. Caracteriza-se
por uma linguagem clara, impessoal, concisa e adequada ao veículo que a
transmite. Deve ter o predomínio da função referencial da linguagem. Há
predominância da narração. Por ser impessoal, o discurso é de
terceira pessoa. Em sua estrutura padrão, possui duas
característica fundamentais: “ Lead” e corpo.
“Lead” consiste num parágrafo que
apresenta um relato sucinto dos aspectos essenciais da notícia, cujo objetivo é
dar informações básicas ao leitor e motivá-lo a continuar a leitura. Precisa,
normalmente, responder às questões fundamentais do jornalismo: o quê, quem,
quando, onde, como e por quê. Corpo são os demais parágrafos da notícia,
nos quais se apresentam o detalhamento do exposto no “lead”, fornecendo ao
leitor novas informações em ordem cronológica ou de importância.
Portanto,
ao se escrever uma notícia, deve-se atentar para essas características de
suma importância.
(Referência
bibliográfica: CEREJA, William R. & MAGALHÃES, Thereza C. Português:
Linguagens. São Paulo: Atual editora, 1994, V.2)
EDITORIAL
e conclusão ( síntese das idéias
anteriormente desenvolvidas) Além disso, deve-se usar exemplos que ilustram o
assunto em questão. Possuir coerência entre o título e o conteúdo, não ter
assinatura e expressa o ponto de vista do veículo ou da empresa responsável
pela publicação.
Desta
forma, o editorial é um texto opinativo, cujas idéias expressas contêm a visão
de seus responsáveis. (Referência bibliográfica: CEREJA, William R. &
MAGALHÃES, Thereza C. Português: Linguagens. São Paulo: Atual editora, 1994, V.2)
CRÔNICA
“
A crônica é um dos mais antigos gêneros jornalísticos. No Brasil, surgiu
há uns 150 anos, mais ou menos, com o Romantismo e o desenvolvimento da
imprensa.
A
princípio com o nome de folhetim, designava um artigo de rodapé sobre assuntos
do dia – políticos, sociais, artísticos, literários. Aos poucos, foi encurtando
e afastando-se da intenção de informar e comentar. Sua linguagem tornou-se mais
poética, ao mesmo tempo que ganhou uma certa gratuidade, pois parecia
desvinculada dos interesses práticos e das informações que caracterizam as
demais partes do jornal.
Do
folhetim para cá, a crônica ganhou prestígio entre nós e pode-se até
dizer que constitui um gênero brasileiro, tal a naturalidade e originalidade
com que aqui se desenvolveu (...).
Gênero
híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo, a crônica é o resultado
da visão pessoal, subjetiva do cronista ante um fato qualquer, colhido no
noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção curta, apressada (...),
redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito próxima do leitor.
Quase sempre explora o humor, às vezes, diz coisas mais sérias por meio de uma
aparente conversa fiada; outras vezes, despretensiosamente, faz poesia da coisa
mais banal e insignificante.
Registrando
o circunstancial do nosso cotidiano mais simples, acrescentando, aqui e ali,
fortes doses de humor, sensibilidade, ironia, crítica e poesia, o cronista, com
graça e leveza, proporciona ao leitor uma visão mais abrangente que vai muito
além do fato; mostra-lhe de outros ângulos, os sinais de vida que
diariamente deixamos escapar.” (CEREJA, William R. & MAGALHÃES, Thereza C.
Português: Linguagens. São Paulo: Atual editora, 1994, V.2)
ARTIGO
Os
artigos são pequenos estudos, cujo conteúdo deve ser completo, tratar de uma
questão verdadeira e apresentar resultado de reduzida dimensão e conteúdo.
Ademais, precisa ser publicado para proporcionar não só ampliação de
conhecimento, mas também a compreensão de certas questões.
Os
artigos, por serem completos, permitem ao leitor repetir a experiência devido a
forma em que foram expostas as informações. O conteúdo pode abranger os mais
variados aspectos e, em geral, segundo Lakatos e Marconi, eles deverão
a) versar sobre um estudo pessoal, uma descoberta, ou dar um enfoque contrário ao já conhecido; b) oferecer soluções para questões controvertidas; c) levar ao conhecimento do público intelectual ou especializado no assunto idéias novas, para sondagem de opiniões ou atualização de informes; d) abordar aspectos secundários, levantados em alguma pesquisa, mas que não seriam utilizados na mesma. |
Assim sendo, há de se observar a estrutura, ao escrever-se um texto dessa
envergadura. (Referência Bibliográfica: LAKATOS, Eva M. &MARCONI,
Marina A. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1991,
3 edição.)
RESENHA
Resenha
é um tipo de resumo – forma de reunir e apresentar, por escrito, de maneira
concisa, coerente, e freqüentemente seletiva, as informações básicas de um
texto preexistente, pondo-se em destaque os elementos de maior interesse e
importância –.
O
resenhista lê uma obra, ou texto, sublinha os fatos importantes, analisa-os,
interpreta-os de forma crítica, pois a resenha tem, por finalidade, informar,
de maneira objetiva e cortês, sobre determinado assunto tratado, evidenciando a
contribuição do autor , mostrando novas abordagens, novos conhecimentos, novas
teorias; porém, ele deve apontar as falhas e os erros de informações, bem como
tecer elogios aos méritos da obra, sem, contudo, emitir um juízo de valor
ou deturpar o pensamento do autor.
Para
elaborar uma resenha, são necessários alguns requisitos:
“a) conhecimento da obra; b) competência na matéria; c) independência de juízo; d) correção e urbanidade; e) fidelidade ao pensamento do autor.” |
Logo, a RESENHA é de suma importância ao leitor, pois apresenta uma síntese das
idéias fundamentais de uma obra, tendo em vista a explosão da literatura técnica
e científica e a exigüidade de tempo do trabalho intelectual (Referência Bibliográfica:
LAKATOS, Eva M. &MARCONI, Marina A. Fundamentos de metodologia
científica. São Paulo: Atlas, 1991, 3 edição.)
ENSAIO
Etimologicamente, ENSAIO vem da palavra latina “exagiu(m)” – ação de pensar,
abrangendo semanticamente os sentidos de provar, experimentar, tentar;
possuindo correspondentes em outras línguas. Suas características são
várias, porém, citam-se algumas:
a) não é uma descrição nem narrativa, mas
dissertação;
b) a dissertação do ensaio é a exposição de idéias próprias ou alheias acerca de um tema determinado, entretanto, tem a marca pessoal do EU; c) sua linguagem deve situar-se no âmbito da ciência, da técnica, em tom mais referencial que emotivo, ou conotativo, para isso, usa-se a terceira pessoa verbal. d) Apresentam-se serenidade e equilíbrio no conteúdo. |
REFLEXÃO
REFLEXÃO tem várias significações, no entanto, cita-se, apenas, uma utilizando
o Novo Dicionário Aurélio: “Volta da consciência, do espírito, sobre si mesmo,
para examinar seu próprio conteúdo por meio do entendimento, da razão”. Isso
mostra quão importante é a observação imparcial dos acontecimentos, a fim de
poder analisá-los e emitir uma opinião, haja vista que tudo que é
apreendido deve ser compreendido na essência, não apenas na superfície,
entrevendo todos os ângulos de abordagem para não ficar aquém do fato em sua
primordialidade.
POEMA
O poema é um tipo de composição literária que faz uso de uma linguagem
específica. Diferente da linguagem dos gêneros de prosa ( o conto, a novela, o
romance). E não se trata apenas da mera disposição do texto em verso ou em
prosa, cujas barreiras foram quebradas modernamente, originando os chamados
“poemas em prosa” ou “prosas poéticas”.
A linguagem do poema, além do recurso do verso e de rimas em final de verso,
contém outros componentes que lhe são inerentes: o ritmo, a musicalidade em
geral, as imagens e os símbolos.
Dada a natureza simbólica da linguagem poética, não se pode depreendê-la
instantânea e objetivamente, trata-se de uma linguagem subjetiva, ambígua,
conotativa, que não deve ser lida como a de um jornal ou um livro didático.
Não se faz de ninguém um poeta. O poeta se faz sozinho, a partir de sua próprias
vivências e experiências com o mundo e com o universo das palavras.
O pensador francês Gaston Bachelard (1884-1962) assim comenta sobre o poema e
sua relação com as palavras:
As palavras – eu o imagino freqüentemente – são pequenas casas com porão e
sótão. O sentido comum reside ao nível do solo, sempre perto do ‘comércio
exterior’, n no mesmo nível de outrem, este alguém que passa e que nunca é
sonhador. Subir a escada na casa da palavra é, de degrau, em degrau, abstrair.
Descer no porão é sonhar, é perder-se nos distantes corredores de uma
etimologia incerta, é procurar nas palavras tesouros inatingíveis. Subir e
descer, nas próprias palavras, é a vida do poeta. Subir muito alto, descer
muito baixo; é permitido o poeta unir o terrestre ao
éreo.
(Apud Fernando paixão, O que é poesia. São Paulo: Brasiliense,1998, p.80.)
Apesar de não se poder criar um poeta, de não existirem fórmulas prontas para
isso, Ter consciência e domínio de certas técnicas freqüentemente usadas nos
poemas pode ajudar. As mais importantes são o ritmo, a sonoridade e as imagens.
(CEREJA, William R. & MAGALHÃES, Thereza C. Português: Linguagens. São Paulo:
Atual editora, 1994, V.2)
CONTO
Conto
é uma breve e completa estória em prosa que pretende produzir um efeito
singular (único) planejado pelo autor. As características gerais são:
poucas personagens bem descritas, poucos incidentes bem delineados e um breve
motivo.
Há
uma impressão única dada por todo evento, todos os elementos ( personagens,
ação, cenário) possuir, apenas um lugar, um tempo, uma emoção, um
conflito. A introdução estabelece o tom emocional e apresenta o conflito;
a emoção, que normalmente em ficção apareceria depois, começa quase
imediatamente; o “ turning point” e o clímax estão quase juntos e, raramente,
há lugar para ação descendente. Deve haver economia de linguagem; os diálogos
são penetrantes e convincentes, podendo ser: direto, indireto interior
(monólogo interior); a narração e a descrição em reduzida quantidade, a
dissertação, via de regra, é ausente. O único efeito singular deve Ter um
traço característico intensificado, reação de acordo com a situação e um
elemento dominante (personagem, incidente, cenário, atmosfera...)
Em
suma, o conto é uma narrativa em prosa marcada por brevidade, conclusão e
possui técnica específica (abertura clara – esclarecedora e curta), contendo um
ininterrupto fluxo de ação e uma conclusão lógica
O conto longo e o conto curto - Diferenças
(segundo Benhamim Heydrick em “ Tipos de literatura”)
Conto
longo
1.
Interessado em um aspecto geral: é plano, linear, longo.
2.
Interessado no mundo externo: a estória em si mesma.
3.
Nenhum aspeto permanece acima de um outro.
4.
Não apresenta interferência de reação psicológica.
Conto
curto
1.
Interessado em um aspecto definido.
2.
Interessado no mundo interior, na reação das personagens.
3.
Acentua mais o clima, dirige-se para o efeito singular (único).
4.
Apóia-se num conflito psicológico.
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