sexta-feira, 24 de maio de 2013

QUE TEXTO É ESSE?


                       Que texto é esse?
O que é: Notícia, Editorial, Crônica, Artigo, Resenha, Ensaio, Reflexão, Poema e Conto.




Veja como classificar cada texto!
    Professora e crítica literária - Maria da Conceição R. Hora

NOTÍCIA
Notícia é a expressão de um fato novo, que desperta o interesse do público a que o jornal se destina. Caracteriza-se por uma linguagem clara, impessoal, concisa e adequada ao veículo que a transmite. Deve ter o predomínio da função referencial da linguagem. Há predominância da narração.  Por ser  impessoal, o discurso  é de terceira pessoa. Em  sua estrutura padrão,  possui duas característica fundamentais: “ Lead” e corpo.
 “Lead” consiste num parágrafo que apresenta um relato sucinto dos aspectos essenciais da notícia, cujo objetivo é dar informações básicas ao leitor e motivá-lo a continuar a leitura. Precisa, normalmente, responder às questões fundamentais do jornalismo: o quê, quem, quando, onde, como e por quê. Corpo  são os demais parágrafos da notícia, nos quais se apresentam o detalhamento do exposto no “lead”, fornecendo ao leitor novas informações em ordem cronológica ou de importância.
Portanto, ao  se escrever uma notícia, deve-se atentar para essas características de suma importância.
(Referência bibliográfica: CEREJA, William R. & MAGALHÃES, Thereza C. Português: Linguagens. São Paulo: Atual editora, 1994, V.2)

EDITORIAL
e conclusão ( síntese das idéias anteriormente desenvolvidas) Além disso, deve-se usar exemplos que ilustram o assunto em questão. Possuir coerência entre o título e o conteúdo, não ter assinatura e expressa o ponto de vista do veículo ou da empresa responsável pela publicação.
 Desta forma, o editorial é um texto opinativo, cujas idéias expressas contêm a visão de seus responsáveis. (Referência bibliográfica: CEREJA, William R. & MAGALHÃES, Thereza C. Português: Linguagens. São Paulo: Atual editora, 1994, V.2)   

CRÔNICA
“ A  crônica é um dos mais antigos gêneros jornalísticos. No Brasil, surgiu há uns 150 anos, mais ou menos, com o Romantismo e o desenvolvimento da imprensa.
A princípio com o nome de folhetim, designava um artigo de rodapé sobre assuntos do dia – políticos, sociais, artísticos, literários. Aos poucos, foi encurtando e afastando-se da intenção de informar e comentar. Sua linguagem tornou-se mais poética, ao mesmo tempo que ganhou uma certa gratuidade, pois parecia desvinculada dos interesses práticos e das informações que caracterizam as demais partes do jornal.
Do folhetim para cá, a crônica ganhou prestígio  entre nós e pode-se até dizer que constitui um gênero brasileiro, tal a naturalidade e originalidade com que aqui se desenvolveu (...).
Gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo, a crônica é o resultado da visão pessoal, subjetiva do cronista ante um fato qualquer, colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção curta, apressada (...), redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito próxima do leitor. Quase sempre explora o humor, às vezes, diz coisas mais sérias por meio de uma aparente conversa fiada; outras vezes, despretensiosamente, faz poesia da coisa mais banal  e insignificante.
Registrando o circunstancial do nosso cotidiano mais simples, acrescentando, aqui e ali, fortes doses de humor, sensibilidade, ironia, crítica e poesia, o cronista, com graça e leveza, proporciona ao leitor uma visão mais abrangente que vai muito além do fato; mostra-lhe de outros ângulos,  os sinais de vida que diariamente deixamos escapar.” (CEREJA, William R. & MAGALHÃES, Thereza C. Português: Linguagens. São Paulo: Atual editora, 1994, V.2)  

ARTIGO
Os artigos são pequenos estudos, cujo conteúdo deve ser completo, tratar de uma questão verdadeira e apresentar resultado de reduzida dimensão e conteúdo. Ademais, precisa ser publicado para proporcionar não só ampliação de conhecimento, mas também a compreensão de certas questões.
Os artigos, por serem completos, permitem ao leitor repetir a experiência devido a forma em que foram expostas as informações. O conteúdo pode abranger os mais variados aspectos e, em geral, segundo Lakatos e Marconi, eles deverão


a)                 versar sobre um estudo pessoal, uma descoberta, ou dar um enfoque contrário ao já conhecido;

b)                 oferecer soluções para questões controvertidas;

c)                  levar ao conhecimento do público intelectual ou especializado no assunto idéias novas, para sondagem de opiniões ou atualização de informes;

d)                 abordar aspectos secundários, levantados em alguma pesquisa, mas que não seriam utilizados na mesma.

               Assim sendo, há de se observar a estrutura, ao escrever-se um texto dessa envergadura. (Referência Bibliográfica: LAKATOS, Eva M.  &MARCONI, Marina A. Fundamentos de metodologia científica.  São Paulo: Atlas, 1991, 3 edição.)

     RESENHA
Resenha é um tipo de resumo – forma de reunir e apresentar, por escrito, de maneira concisa, coerente, e freqüentemente seletiva, as informações básicas de um texto preexistente, pondo-se em destaque os elementos de maior interesse e importância –. 
O resenhista lê uma obra, ou texto, sublinha os fatos importantes, analisa-os, interpreta-os de forma crítica, pois a resenha tem, por finalidade, informar, de maneira objetiva e cortês, sobre determinado assunto tratado, evidenciando a contribuição do autor , mostrando novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias; porém, ele deve apontar as falhas e os erros de informações, bem como tecer elogios aos méritos da obra, sem, contudo, emitir um juízo de valor  ou deturpar o pensamento do autor.
Para elaborar uma resenha, são necessários alguns requisitos:


“a) conhecimento da obra;

 b) competência na matéria;

 c) independência de juízo;

 d) correção e urbanidade;

 e) fidelidade ao pensamento do autor.”
                 Logo, a RESENHA é de suma importância ao leitor, pois apresenta uma síntese das idéias fundamentais de uma obra, tendo em vista a explosão da literatura técnica e científica e a exigüidade de tempo do trabalho intelectual (Referência Bibliográfica: LAKATOS, Eva M.  &MARCONI, Marina A. Fundamentos de metodologia científica.  São Paulo: Atlas, 1991, 3 edição.)
   
ENSAIO
              Etimologicamente, ENSAIO vem da palavra latina “exagiu(m)” – ação de pensar, abrangendo semanticamente os sentidos de provar, experimentar, tentar; possuindo correspondentes em outras línguas.  Suas características são várias, porém, citam-se algumas: 

a)  não é uma descrição nem narrativa, mas dissertação;

b) a dissertação do ensaio é a exposição de idéias próprias ou alheias acerca de um tema determinado, entretanto, tem a marca pessoal do EU;

c) sua linguagem deve situar-se no âmbito da ciência, da técnica, em tom mais referencial que emotivo, ou conotativo, para isso, usa-se a terceira pessoa verbal.

d) Apresentam-se serenidade e equilíbrio no conteúdo.

 REFLEXÃO
         REFLEXÃO tem várias significações, no entanto, cita-se, apenas, uma utilizando o Novo Dicionário Aurélio: “Volta da consciência, do espírito, sobre si mesmo, para examinar seu próprio conteúdo por meio do entendimento, da razão”. Isso mostra quão importante é a observação imparcial dos acontecimentos, a fim de poder analisá-los e emitir uma opinião, haja vista que tudo que é apreendido  deve ser compreendido na essência, não apenas na superfície, entrevendo todos os ângulos de abordagem para não ficar aquém do fato em sua primordialidade.
 
POEMA
           O poema é um tipo de composição literária que faz uso de uma linguagem específica. Diferente da linguagem dos gêneros de prosa ( o conto, a novela, o romance). E não se trata apenas da mera disposição do texto em verso ou em prosa, cujas barreiras foram quebradas modernamente, originando os chamados “poemas em prosa” ou “prosas poéticas”.
         A linguagem do poema, além do recurso do verso e de rimas em final de verso, contém outros componentes que lhe são inerentes: o ritmo, a musicalidade em geral, as imagens e os símbolos.
         Dada a natureza simbólica da linguagem poética, não se pode depreendê-la instantânea e objetivamente, trata-se de uma linguagem subjetiva, ambígua, conotativa, que não deve ser lida como a de um jornal ou um livro didático.
          Não se faz de ninguém um poeta. O poeta se faz sozinho, a partir de sua próprias vivências e experiências com o mundo e com o universo das palavras.
          O pensador francês Gaston Bachelard (1884-1962) assim comenta sobre o poema e sua relação com as palavras:
 
    As palavras – eu o imagino freqüentemente – são pequenas casas com porão e sótão. O sentido comum reside ao nível do solo, sempre perto do ‘comércio exterior’, n no mesmo nível de outrem, este alguém que passa e que nunca é sonhador. Subir a escada na casa da palavra é, de degrau, em degrau, abstrair.
    Descer no porão é sonhar, é perder-se nos distantes corredores de uma etimologia incerta, é procurar nas palavras tesouros inatingíveis. Subir e descer, nas próprias palavras, é a vida do poeta. Subir muito alto, descer muito baixo; é permitido o poeta unir o terrestre ao éreo.             
              (Apud Fernando paixão, O que é poesia. São Paulo: Brasiliense,1998, p.80.)
 
           Apesar de não se poder criar um poeta, de não existirem fórmulas prontas para isso, Ter consciência e domínio de certas técnicas freqüentemente usadas nos poemas pode ajudar. As mais importantes são o ritmo, a sonoridade e as imagens. (CEREJA, William R. & MAGALHÃES, Thereza C. Português: Linguagens. São Paulo: Atual editora, 1994, V.2)

CONTO
Conto é uma breve e completa estória em prosa que pretende produzir um efeito singular (único)  planejado pelo autor. As características gerais são: poucas personagens bem descritas, poucos incidentes bem delineados e um breve motivo.
Há uma impressão única dada por todo evento, todos os elementos ( personagens, ação, cenário) possuir, apenas um lugar, um tempo, uma emoção, um conflito.  A introdução estabelece o tom emocional e apresenta o conflito; a emoção, que normalmente em ficção apareceria depois, começa quase imediatamente; o “ turning point” e o clímax estão quase juntos e, raramente, há lugar para ação descendente. Deve haver economia de linguagem; os diálogos são penetrantes e convincentes, podendo ser: direto, indireto interior (monólogo interior); a narração e a descrição em reduzida quantidade, a dissertação, via de regra, é ausente.  O único efeito singular deve Ter um traço característico intensificado, reação de acordo com a situação e um elemento dominante (personagem, incidente, cenário, atmosfera...)
Em suma, o conto é uma narrativa em prosa marcada por brevidade, conclusão e possui técnica específica (abertura clara – esclarecedora e curta), contendo um ininterrupto fluxo de ação e uma conclusão lógica  
                                  O conto longo e o conto curto - Diferenças
                 (segundo Benhamim Heydrick em “ Tipos de literatura”)
Conto longo
 
1.     Interessado em um aspecto geral: é plano, linear, longo.
2.     Interessado no mundo externo: a estória em si mesma.
3.     Nenhum aspeto permanece acima de um outro.
4.     Não apresenta interferência de reação psicológica.
 
Conto curto
 
1.     Interessado em um aspecto definido.
2.     Interessado no mundo interior, na reação das personagens.
3.     Acentua mais o clima, dirige-se para o efeito singular (único).
4.     Apóia-se num conflito psicológico.


 

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