O QUE É UM CONTO?
O
conto é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e
acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de
ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.
TIPOS DE CONTOS
Contos de fada: Os
contos de fadas emocionam, divertem, criam suspense, mexem com os sentimentos
mais primitivos do indivíduo. Neles, o bem e o mal aparecem claramente
esboçados, possibilitando perceber que a luta contra os problemas faz parte da
existência humana. Por ter suas origens na tradição oral, muitos contos foram
recebendo novos elementos, fazendo surgir muitas variações sobre o mesmo enredo
(diferentes versões).
A Bela Adormecida
Charles Perrault
Na
festa do batismo da tão desejada princesa, foram convidadas 12 fadas e como
madrinhas desta ofereceram-lhe como presentes a beleza, o talento musical, a
inteligência, entre outros valores apreciados.
No
entanto, uma velha fada que foi negligeciada, porque o rei apenas tinha doze
pratos de ouro, interrompeu o evento e lançou-lhe como vingança um feitiço cujo
resultado seria, ao picar o dedo num fuso, a morte quando a princesa atingisse
a idade adulta. Porém restava o presente da 12ª fada. Assim sendo, esta
suavizou a morte, transformando o maldição da princesa para cem anos de sono
profundo, até que seja despertada pelo primeiro beijo oriundo de um amor
verdadeiro.
O
rei proibiu imediatamente qualquer tipo de fiação em todo o reino, mas em vão.
Quando a princesa contava 15 anos, descobriu uma sala escondida num torreão do
castelo onde encontrou uma velha a fiar. Curiosa com o fuso pediu-lhe para a
deixar fiar, picando-se nesse mesmo instante. Sentiu então o grande sono que
lhe foi destinado e, ao adormecer, todas as criaturas presentes no castelo
adormeceram juntamente, sob o novo feitiço da 12ª fada que tinha voltado
entretanto. Com o tempo, cresceu uma floresta de urzes em torno do castelo
adormecido, isolando-o do mundo exterior e dando uma morte fatal e dolorosa nos
espinhos a quem tentasse entrar. Assim muitos príncipes morreram em busca da
tal Bela Adormecida cuja beleza era tão falada.
Após
cem anos decorridos, um príncipe corajoso enfrentou a floresta de espinhos,
mesmo sabendo da morte de outros tantos, e conseguiu entrar no castelo. Quando
encontrou o quarto onde a princesa dormia, estremeceu de tal maneira ao ver a
sua beleza, que caiu de joelhos diante o seu leito. Ele beijou-a e ela acordou
finalmente. Então todos no castelo acordaram e continuaram onde haviam parado à
cem anos atrás. O conto termina aqui, na boda do príncipe, com a famosa frase e
viveram felizes até ao fim dos seus dias.
Conto maravilhoso: Os
contos maravilhosos são aqueles em que os personagens, lugares e tempos não são
determinados historicamente e em que as coisas acontecem como deveriam
acontecer, contrariando o universo real, no qual as coisas nem sempre são da
maneira como gostaríamos.
A roupa nova do imperador
Hans
Christian Andersen
Um
alfaiate pobre, de terras distantes, diz a um determinado rei que poderia fazer
uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e
astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao
alfaiate que fizesse uma roupa dessas para ele.
O
alfaiate recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e
outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das
roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios
invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.
Até
que um dia, o rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o
progresso do alfaiate. Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia,
o rei exclamou: "Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!",
embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria
admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para
ser rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo
trabalho, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O
alfaiate garantiu que as roupas logo estariam completas, e o rei resolveu
marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A
única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, que gritou:
-O rei
está nu!
O
grito é absorvido por todos. O Imperador se encolhe, suspeitando a afirmação é
verdadeira, mas se mantém-se orgulhosamente e continua a procissão.
Conto fantástico: Um
conto fantástico baseia-se no irreal e causa um efeito de realidade, pelo que o
leitor encontra uma lógica ao que está a ler. A personagem não distingue o que
é real do que é irreal. Dentro deste gênero o impossível é possível. O espaço
no que vivem as personagens é ilógico e segue normas irracionais, como em
"Alice no país das maravilhas". Pela soma de elementos reais e de
elementos estranhos e inexplicáveis, faz vacilar entre uma explicação natural
ou uma sobrenatural e deixa ao leitor sumido na incerteza.
Conto realista: Nos
contos realistas, os acontecimentos se organizam numa ordem lógica de causa e
consequência, sem grandes rupturas, no máximo uma volta ao passado, e estão
vazados, quase sempre, numa linguagem padrão ou coloquial, com alguns
regionalismos: alpercata de rabicho, caviloso, lamparina, boquinha da noite, a
caneca de alumínio no beiço do pote.
O Assalto
Carlos
Drumond de Andrade
A
casa luxuosa no Leblon é guardada por um molosso de feia catadura, que dorme de
olhos abertos, ou talvez nem durma, de tão vigilante. Por isso, a família vive
tranquila, e nunca se teve notícia de assalto a residência tão protegida.
Até
a semana passada. Na noite de quinta-feira, um homem conseguiu abrir o pesado
portão de ferro e penetrar no jardim. Ia fazer o mesmo com a porta da casa,
quando o cachorro, que muito de astúcia o deixara chegar até lá, para
acender-lhe o clarão de esperança e depois arrancar-lhe toda ilusão, avançou
contra ele, abocanhando-lhe a perna esquerda. O ladrão quis sacar do revólver,
mas não teve tempo para isto. Caindo ao chão, sob as patas do inimigo,
suplicou-lhe com os olhos que o deixasse viver, e com a boca prometeu que nunca
mais tentaria assaltar aquela casa. Falou em voz baixa, para não despertar os
moradores, temendo que se agravasse a situação. O animal pareceu compreender a
súplica do ladrão, e deixou-o sair em estado deplorável.
No
jardim ficou um pedaço da calça. No dia seguinte, a empregada não entendeu bem
por que uma voz. Pelo telefone, disse que era da Saúde Pública e indagou se o
cão era vacinado. Nessenero momento o cão estava junto da doméstica, e abanou o
rabo, afirmativamente.
ESTRUTURA DO CONTO
Espaço: O espaço deve ser reduzido, no geral, uma sala, ou
mesmo um quarto de dormir, basta para que se organize o enredo. No máximo, uma
casa, uma rua. Um deslocamento maior, o que seria muito raro, de duas uma: ou a
narrativa procura abandonar sua condição de conto, ou advém da necessidade
imposta pelo conflito que lhe serve de base.
Tempo: O tempo fica restrito a um pequeno lapso; horas e, quando muito, dias. Não interessa ao conto o passado ou o futuro das personagens.
Foco Narrativo: O conto é essencialmente objetivo e, por isso, costuma ser narrado na terceira pessoa. Todavia, a primeira pessoa também pode ser empregada da seguinte maneira: A personagem principal conta a história; ou uma personagem secundária conta a história da personagem central.
Personagens: Levando em consideração, as características de tempo e lugar, o conto só pode estabelecer-se com um reduzido número de personagens, normalmente duas ou três. Quaisquer outras irão desempenhar funções secundárias (de ambiente ou cenário social).
Diálogo: A linguagem também deve ser objetiva e utilizar metáforas simples e de imediata compreensão para o leitor. Deve-se evitar uma quantidade excessiva de palavras e fluências, principalmente, para dizer coisas de pouca importância, ou de pouco conteúdo. O conto prefere a concisão na linguagem.
Epílogo: O epílogo corresponde, geralmente, ao clímax da história que, via de regra, deve ser enigmático, imprevisível e abruptamente revelado para surpreender o leitor.
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