Texto de divulgação científica – é
um gênero discursivo que transpõe um discurso específico de uma esfera do campo
científico para a comunidade em geral, ou seja, é por meio do texto de divulgação
científica que a sociedade entra em contato com as pesquisas que estão sendo
realizadas, ou que estão em andamento, em linguagem acessível. A
popularização da ciência tem sido considerada também como um instrumento para
tornar disponíveis conhecimentos e tecnologias que possam ajudar a melhorar a
vida das pessoas e dar suporte a desenvolvimentos econômicos e sociais
sustentáveis.
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texto expositivo;
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finalidade: transmitir conhecimentos de natureza
científica a um público o mais amplo possível;
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estrutura: ideia principal (afirmação, conceito) /
desenvolvido por meio de provas (exemplos, comparações, relações de efeito e
causa, resultados de experiências, dados estatísticos) / conclusão. Assim,
como se trata de um texto de exposição
de ideias, normalmente ele se constitui de uma introdução, um desenvolvimento e
uma conclusão.
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linguagem
clara, objetiva e geralmente impessoal;
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emprega a
variedade padrão da língua com a presença de termos e conceitos científicos de
uma ou mais áreas do conhecimento, verbos predominantemente no presente do
indicativo;
Texto 1
Obesidade infantil pode
dobrar os riscos de morte antes dos 55 anos, diz estudo
“O ponto principal é que a obesidade em
crianças é um sério problema que precisa ser abordado seriamente”, ressaltou o
pesquisador William C. Knowler, do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças
Digestivas e Renais. “O que este estudo particular mostra é que a obesidade
causará o excesso de morte prematura”, completou o especialista.
Além da influência direta da obesidade
infantil nos riscos de morte prematura, a pesquisa indicou que a intolerância à
glicose – fator de risco para o diabetes – e a pressão alta na infância também
cumprem um papel neste sentido. As taxas de morte foram 73% maiores entre o
grupo de maior intolerância à glicose e 1,5 vezes maior entre aqueles que
apresentavam pressão alta.
Em nota para a imprensa, o pediatra
Marc Jacobson, da Academia Americana de Pediatria, destaca que o novo estudo é
oportuno e importante, visto que mais de um sexto das crianças americanas estão
obesas. “Ele nos dá mais dados relevantes sobre os efeitos da obesidade
adolescente em longo prazo”. E, seguindo as diretrizes da Academia, o
especialista recomenda a medida do índice de massa corporal em todas as
crianças, e uma abordagem no estilo de vida daquelas que se apresentam obesas.
Para a prevenção, segundo ele, os pais
podem usar o chamado 5210 – cinco porções diárias de frutas e vegetais, duas
horas ou menos de TV por dia, uma hora de exercícios, e nenhuma ou pouquíssimas
bebidas açucaradas.
Ao estabelecermos familiaridade
com o texto em questão, podemos comprovar acerca de tudo que foi expresso
anteriormente.
Texto 2
Por
que sentimos água na boca?
Entenda a importância da nossa saliva na hora de comer
Por: Suzana Herculano-Houzel, Departamento de Anatomia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro
“Chiquinha, o almoço está pronto! Fiz a
batata frita que você pediu!”
Só de ouvir essas palavras, sua boca se
enche d’água – de saliva –, antecipando-se à comida que já vai entrar na boca e
precisar ser digerida. De fato, a digestão começa na boca, onde os alimentos
são picados, triturados e esmagados, tudo isso antes de serem conduzidos ao
estômago. E pasme: se a boca não se enchesse de saliva, não seria possível nem
engolir o alimento, nem saber o que você tem sobre a língua!
Todo mundo produz uma pequena quantidade
de saliva o tempo todo, mas a produção aumenta quase dez vezes quando uma
pessoa vê, cheira ou pensa em comida. A saliva que enche a boca nessas horas é
essencial por várias razões. Primeiro, somente quando dissolvidos na saliva é
que pedaços microscópicos desprendidos dos alimentos chegam até as papilas
gustativas, que sinalizam ao cérebro o tipo de comida que você tem na boca:
água, sal, ácido, doce, proteína, ou algo amargo e, portanto, potencialmente
nocivo, nada bom de ser engolido. Assim, além de reconhecer o alimento pelo
gosto, o seu cérebro já vai preparando o corpo para a digestão. Segundo, a saliva
contém enzimas que começam a partir em pedaços menores os carboidratos, grandes
moléculas de açúcar como o amido do pão.
Além disso, é a saliva que umedece e dá
liga aos alimentos triturados e permite que eles sejam transformados em um
grande “bolo” compacto e lubrificado, que pode ser engolido sem risco de engasgos.
Se você não acredita que comida seca não desce sem saliva, experimente o famoso
Teste da Bolacha: comer três biscoitos em menos de um minuto, sem apelar para
um copo d’água. É simplesmente impossível! A razão é que, mesmo trabalhando dez
vezes mais rápido, as glândulas parótidas e salivares não conseguem produzir
saliva com a rapidez necessária para que os pedaços de biscoito passem em menos
de um minuto de paçoca a uma massa umedecida que possa deslizar até o seu
estômago.
A boa notícia é que a produção de
saliva é automática, comandada pelo sistema nervoso autônomo sempre que o
cérebro detecta a presença de comida na boca. O interessante é que, por
associação, também funciona pensar em comida, sentir o cheiro bom do almoço no
fogo e até ouvir que ficou pronto aquele prato de que você gosta. O caso mais
famoso de água na boca por associação, claro, é o já lendário cão do fisiologista
russo Ivan Pavlov. De tanto ouvir um sino tocar antes de receber sua comida todos
os dias, o animal passou a salivar em resposta ao tocar do sino, mesmo que o prato
demorasse a chegar. E eu, de tanto escrever sobre comida, já fiquei com água na
boca...
Suzana
Herculano-Houzel Departamento
de Anatomia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Revista CHC | Edição 199.
TEXTO 3
O pisca-pisca acontece porque a luz desses astros precisa
atravessar a atmosfera da Terra
Olhe para o céu. Se você já fez este gesto em
uma noite sem nuvens e com muitas estrelas deve ter ficado encantado. Que
brilho tem as estrelas na imensidão do espaço, não é mesmo? Porém, esses astros
não apresentam, para os olhos humanos, um brilho fixo. Elas parecem tremer ou
piscar. Será?
Na verdade, o pisca-pisca das estrelas
é fruto de um fenômeno chamado pelos cientistas de cintilação, que acontece por
causa do deslocamento da luz desses astros em direção à Terra. Esse efeito se
dá porque a luz dos astros precisa atravessar a atmosfera do planeta, onde há
gases que formam camadas que estão em diferentes temperaturas e em movimento
constante. Portanto, para iluminar o céu terrestre, a luz das estrelas precisa
passar por uma espessa e agitada camada de gases, causando o efeito de tremor
das estrelas a que assistimos, algumas vezes, no céu.
A intensidade da cintilação pode ser
maior ou menor, dependendo do caminho que a luz das estrelas precisa percorrer até
atravessar toda a atmosfera da Terra. Ou seja: quanto mais movimentos
apresentarem as camadas que compõem a atmosfera e mais longo for o caminho
percorrido pela luz das estrelas para atravessá-la, mais a cintilação será
percebida.
Faça um teste observando uma estrela
que acaba de aparecer no horizonte e outra localizada logo acima da sua cabeça.
A primeira parece piscar bem mais porque, no horizonte, os raios de luz
precisam atravessar uma camada de ar muito maior do que no Zênite – o nome que
se dá à posição vertical dos astros, localizados bem no meio do céu.
Interessante, não?
Rute Helena
Trevisan. Departamento
de Física. Universidade Estadual de Londrina. Revista CHC |
Edição
TEXTO 4
Por que existem gêmeos idênticos e gêmeos diferentes?
A explicação começa na fecundação, cerca de nove meses antes
do nascimento...
Irmãos gêmeos são aqueles que nasceram
no mesmo dia, da mesma mãe e que tanto podem ser iguaizinhos, a ponto de não se
saber direito quem é quem, como podem ser diferentes até mesmo no sexo. Até
aqui nenhuma novidade. Curioso é saber como se originam os gêmeos e por que
eles podem ser idênticos ou diferentes.
A explicação começa, mais ou menos,
nove meses antes do nascimento, para ser mais claro, na fecundação. Pela
natureza, os seres humanos começam a se formar quando um óvulo -- célula
especializada em reprodução só encontrada nas mulheres – é fertilizado por um
espermatozóide -- outra célula especializada em reprodução encontrada apenas
nos homens.
Cada uma dessas células especializadas
em reprodução, assim como qualquer outra célula do nosso corpo, traz uma
receita chamada DNA. Apesar dessas receitas serem completas, são necessárias
duas versões combinadas (a do óvulo e a do espermatozóide) para que uma nova
célula tenha origem, se multiplique e forme um novo indivíduo. Logo, esse novo
ser terá características da mãe, pelo óvulo, e do pai, pelo espermatozóide.
Mas e os gêmeos? -- alguém deve estar
perguntando. Muito bem, vamos entender! Nem sempre o corpo da mulher libera
apenas um óvulo para ser fertilizado. Às vezes, ele libera dois óvulos. Aí, um
espermatozóide acaba por fecundar um óvulo enquanto um outro espermatozóide
fecunda o outro óvulo. Resultado: em vez de formar uma nova célula para se
multiplicar e dar origem a um único bebê, duas novas células diferentes se
formam, originando dois seres diferentes entre si, porque dois óvulos diferentes
foram fertilizados por dois espermatozóides distintos.
Com os gêmeos idênticos, a história é
outra! Na maior parte das vezes, a mulher libera mesmo um único óvulo por vez e
ele é fecundado por um único espermatozóide. Quando essa célula com as duas
versões da receita (uma do óvulo e outra do espermatozóide) está pronta, ela
começa a se multiplicar e forma um aglomerado de células que, por um evento
raro, pode se separar em dois grupos diferentes que
continuarão
a se multiplicar. E, desses dois grupos de células, resultam dois novos seres que
serão idênticos, porque se desenvolveram a partir de um mesmo par de receitas,
ou melhor, de um único óvulo fecundado por um único espermatozóide.
Seres que têm a mesma receita, isto é,
o mesmo DNA, são considerados idênticos. E, na natureza, isso ocorre no caso de
gêmeos que tiveram como origem as mesmas células reprodutivas. Mas pergunte a
qualquer mãe ou pai de gêmeos idênticos se eles não conseguem diferenciar bem
os seus filhos, não só fisicamente, mas também pelo comportamento. Essas
diferenças existem por que nem todas as nossas
características
estão nas receitas de nossas células. Há também as influências do meio em que
vivemos.
Rodrigo Venturoso
Mendes da Silveira. Centro
de Estudos do Genoma Humano, Instituto de Biociências, Universidade de
São Paulo. Revista CHC | Edição 121.
TEXTO 5
Por que temos que tomar banho?
Saiba que a responsável por essa exigência é a sua pele
Chegou a hora de saber por que você,
que faz de tudo para se manter limpinho, é obrigado a tomar todos os dias
aquela boa chuveirada. A responsável por essa exigência, anote, não é a sua
mãe, é a sua pele, a barreira natural à entrada de microrganismos no corpo.
Há na pele as células que formam a
epiderme (a camada mais externa da pele, essa que tocamos), que é como um
tecido mesmo, como o de nossas roupas. Sobre as células da epiderme há uma
camada de queratina, uma proteína que não deixa passar água para o lado de
dentro. Além disto, ainda temos os poros – os pequeninos orifícios por onde sai
o suor – e as glândulas sebáceas, que acompanham os pelos que recobrem toda a
superfície do corpo, exceto a palma da mão e a sola dos pés. Todos os dias
nossa pele é renovada, mandando embora algumas células mortas misturadas com
queratina e formando um tecido novinho em folha.
Uma coisa que nem todo mundo sabe é que
sobre a nossa pele e mucosas – mucosa é a pele fininha e úmida, como a da boca
e a do interior do nariz – existem bactérias chamadas comensais, isto é,
bactérias que convivem conosco sem necessariamente causarem doença. Elas têm
uma função importante: não permitir que outros micro-organismos mais perigosos
à saúde se estabeleçam na pele e mucosas. Se as comensais não estiverem
presentes em número adequado, o equilíbrio entre a proteção e agressão é
rompido e podemos adoecer.
Por: Adriana
Bonomo e José Marcos Cunha, Universidade Federal do Rio de Janeiro
TEXTO
6
Mãos à água!
Elas entram em contato com muitas coisas
e podem levar micro-organismos nocivos para a boca, os olhos e outras partes do
corpo. Por isso, as mãos pedem atenção especial. Devem ser lavadas antes das
refeições, depois de ir ao banheiro e sempre que tiverem contato com sujeira. A
pele da palma das mãos é diferente da do restante do corpo e pode ser lavada
mais vezes.
Se deixarmos que os resíduos naturais
da pele se acumulem (suor, sebo, células mortas), as bactérias comensais podem
se multiplicar de forma descontrolada e danificar a pele, além de abrir espaço
para outras bactérias mais nocivas. Desta forma, abrem-se feridas na nossa
pele, permitindo a entrada de micro-organismos indesejados em nosso corpo.
Logo, tomar banho não é só para ficar
cheiroso. Mas se você estiver cheirando mal significa que muitas bactérias e
restos de pele se acumularam. A saída é procurar o chuveiro mais próximo.
Quando tomamos banho, removemos os resíduos
naturais acumulados e o equilíbrio entre as comensais e a pele é mantido. Mas,
cuidado! O banho em excesso pode matar as bactérias comensais, e isso não é
nada bom. Lembre-se que as comensais são importantes na defesa contra outros
micro-organismos, mas elas mesmas podem causar doenças quando em número
excessivo. Basta um pouco de sabonete comum e água para limparmos a pele e
mantermos as bactérias que nos protegem no número
certo.
E aí, está precisando de uma chuveirada?!
Adriana Bonomo Departamento de
Imunologia, Instituto de Microbiologia, Universidade Federal do
Rio de Janeiro.
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