Escola Dr. Jaime Monteiro
Aluno(a):__________________________________________________Série/Ano:
Professora: Márcia
Oliveira
O homem trocado (Luís Fernando Veríssimo)
O
homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação.
Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
-
Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo.
- Eu
estava com medo desta operação…
- Por
quê? Não havia risco nenhum.
-
Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos…
E conta que os enganos começaram
com seu nascimento. Houve uma troca
de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
- E o
meu nome? Outro engano.
- Seu
nome não é Lírio?
- Era
para ser Lauro. Se enganaram no cartório e…
Os
enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia.
Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O
computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
- Há
anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado
tive que pagar mais de R$ 3 mil.
- O
senhor não faz chamadas interurbanas?
- Eu
não tenho telefone!
Conhecera
sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
- Por
quê?
- Ela
me enganava.
Fora
preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não
fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:
- O
senhor está desenganado.
Mas
também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples
apendicite.
- Se
você diz que a operação foi bem…
A
enfermeira parou de sorrir.
-
Apendicite? – perguntou, hesitante.
- É.
A operação era para tirar o apêndice.
- Não
era para trocar de sexo?
1) Que elementos o
cronista utilizou para gerar humor no texto?
2) Justifique o título do
texto.
3) Indique que
consequências os seguintes fatos têm na narrativa:
a) Troca na maternidade
b) A ida de outro bebê
para sua mãe
c) Engano do cartório.
d) Engano do computador
e) Engano da companhia
telefônica
f) Engano do médico
4) Observe a fala do
médico: “— O senhor está desenganado”. Qual o sentido da palavra “desenganado”?
5) Por que o narrador não
fica apreensivo com este diagnóstico?
6) Por que, no contexto,
o uso da palavra “ desenganado” gera humor?
7) Comente o final da
crônica. Como se produziu o humor nessa passagem?
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