A língua portuguesa possui inúmeras expressões
interessantes. Muitas vezes, elas permanecem imutáveis ao longo de anos,
representando um forte papel cultural para o idioma. Existem pessoas
que se ocupam em pesquisar e descobrir a origem das expressões, que
podem ser fundamentadas na cultura do próprio país, ou ainda ter
influência estrangeira, mitológica, religiosa, histórica, etc.
Sabe-se que as expressões são adquiridas no contato direto com a língua, na socialização dos indivíduos. De acordo com estudos, a partir dos cinco ou seis anos, as crianças começam a usar algumas expressões e, daí em diante, continuarão a enriquecer o seu dicionário mental para sempre. Veja agora mesmo a origem das expressões a seguir:
Quando a fotografia foi inventada, a impressão da imagem no
filme não se dava com a mesma rapidez dos dias atuais. Na metade do
século 19, os fotografados tinham de permanecer parados por até 15
minutos, a fim de que sua imagem fosse impressa dentro da máquina.
Fazer as crianças ficarem imóveis por tanto tempo era um verdadeiro
desafio. Por isso, gaiolas com pássaros ficavam penduradas atrás dos
fotógrafos, o que chamava a atenção dos pequenos. Assim, a expressão
“Olha o passarinho” ficou conhecida como a frase dita pelo fotógrafo na
hora da pose para a foto.
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Olha o passarinho!
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Motorista barbeiro
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Antigamente, os barbeiros eram conhecidos não apenas por realizar o corte de cabelo e barba, mas também por desempenhar tarefas como: extração de dentes, remoção de calos e unhas, entre outros. Geralmente, os serviços extra deixavam consequências desagradáveis aos clientes. No século 15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades mal executadas. Com o tempo, passou a ser relacionado aos motoristas. Daí a expressão “motorista barbeiro”, ou seja, mau motorista. |
Para falar que algo nunca
foi usado ou que, se já foi, está em ótimo estado, dizemos que está
"novo em folha". A expressão também pode ser usada para designar alguém
que, depois de se machucar ou enfrentar uma doença, está curado. A
origem dessa expressão baseia-se em folhas de papel branquinhas,
limpinhas e sem amassados, encontradas em livros novos, recém
impressos. Assim, trata-se de livros “novos em folha”.
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Novo em folha
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A expressão vem do inglês honeymoon. Na Irlanda, na Idade Média, os jovens recém-casados tinham o costume de tomar uma bebida fermentada chamada mead
– ou hidromel, composta de água, mel, malte, levedo, entre outros
ingredientes. O mel era considerado uma fonte de vida, com propriedades
afrodisíacas. A bebida deveria ser consumida durante um mês (ou uma
lua). Por essa razão, esse período passou a ser chamado de “lua de mel”.
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Lua de mel
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Casa da mãe Joana |
A expressão "casa da mãe Joana" alude a um lugar em que vale tudo,
onde todo mundo pode entrar, mandar, uma espécie de grau zero de
organização. A mulher que deu nome a tal casa viveu no século 14. Joana
era condessa de Provença e rainha de Nápoles (Itália). Teve a vida
cheia de confusões. Em 1347, aos 21 anos, regulamentou os bordéis da
cidade de Avignon, onde vivia refugiada. Uma das normas dizia: "o lugar
terá uma porta por onde todos possam entrar". "Casa da mãe Joana" virou
sinônimo de prostíbulo, de lugar onde impera a bagunça.
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A origem mais
aceita para a expressão está relacionada com os imigrantes que chegavam
ao Brasil no século 19. Eles costumavam trazer da Europa ferramentas
para o cultivo da terra, como foices e enxadas, além de animais, como
vacas e porcos. Uma ferramenta poderia indicar uma profissão, uma
habilidade, demonstrava disposição para o trabalho. O contrário, chegar
de mãos abanando, indicava preguiça. Atualmente, quando uma pessoa vai a
uma festa, mandam os bons modos que leve um presente. Se não o faz,
diz-se que “chegou com as mãos abanando”.
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Chegar de mãos abanando
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Pensando na morte da bezerra |
A história mais aceitável para explicar a origem da expressão é
proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados
para Deus como forma de redenção de pecados. Conta-se que certa vez um
rei resolveu sacrificar uma bezerra e que seu filho menor, que tinha
grande carinho pelo animal, opôs-se. Independentemente disso, a bezerra
foi oferecida aos céus e afirma-se que o garoto passou o resto de sua
vida pensando na morte da bezerra. Assim, estar “pensando na morte da
bezerra” significa estar distante, pensativo, alheio a tudo.
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"Homines sunt ejusdem farinae" (São
homens da mesma farinha, em latim) é a origem dessa expressão, utilizada
para generalizar um comportamento reprovável. A metáfora faz referência
ao fato de a farinha de boa qualidade ser posta em sacos separados,
para não ser confundida com a de qualidade inferior. Assim, utilizar a
expressão "farinha do mesmo saco" é insinuar que os bons andam com os
bons, enquanto os maus preferem os maus.
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Farinha do mesmo saco
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Dor de cotovelo |
A expressão teve origem nas cenas de
pessoas sentadas em bares, com os cotovelos apoiados no balcão, bebendo e
chorando a dor de um amor perdido. De tanto permanecerem naquela
posição, as pessoas ficavam com dores nos cotovelos. Atualmente, é muito
comum utilizar essa expressão para designar o despeito provocado pelo
ciúme ou a tristeza causada por uma decepção amorosa.
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Ovelha negra
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Esta expressão não é brasileira nem
restrita à língua portuguesa. Vários outros idiomas também a utilizam
para designar alguém que destoa de um grupo, assim como uma ovelha da
cor preta se diferencia em um rebanho de animais brancos. Na
Antiguidade, os animais pretos eram considerados maléficos e, por isso,
sacrificados em oferenda aos deuses ou para acertar certos acordos. Daí
o hábito de chamar de "ovelha negra" aqueles que se diferenciam por
desagradar e chocar aos demais.
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No século 13, baús eram usados para guardar joias e
documentos da corte de Portugal. Cada baú tinha quatro fechaduras e era
aberto por quatro chaves distribuídas entre funcionários do reino. Com o
tempo, os baús caíram em desuso. E algo que antes estava bem
“guardado a quatro chaves”, passou a ser “guardado a sete chaves”,
devido ao misticismo associado ao número 7. Esse misticismo originou-se
nas religiões primitivas babilônicas e egípcias, que cultuavam os sete
planetas conhecidos na época. Assim, a expressão “guardar a sete
chaves” está relacionada ao ato de guardar algo com segurança e sob
sigilo absoluto.
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Guardar a sete chaves
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Tintim por tintim
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Corrente tanto no português
do Brasil como em Portugal, a expressão "tintim por tintim" é
utilizada para falar de alguma coisa descrita em seus mínimos detalhes.
Segundo o filólogo brasileiro João Ribeiro, “tintim é a onomatopeia do
tilintar de moedas”, ou seja, tintim é o barulho que uma moeda faz
quando cai sobre outra. Em sua origem, a expressão “tintim por tintim”
era usada para se referir a uma conta ou dívida paga até a última
moeda. Assim, quando queremos obter informações precisas sobre algum
fato ou situação, costumamos dizer: "Conte-me tudo, tintim por tintim”
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