O Humor é um caminho.” (Ziraldo, 1969)
“O humor compreende também o mau humor. O mau humor é que não compreende nada.”
(Millôr Fernandes)
Charge é uma palavra de origem francesa que significa carga, exagero ou
mesmo ataque, o que já revela seu caráter agressivo. Ela costuma
satirizar um fato ou personagem específica, fazendo usualmente uma
crítica de cunho político a respeito de um assunto de conhecimento
público.
Já o cartum é um desenho de cunho anedótico, acompanhado ou não de
palavras, que trata de temas mais amplos. Costuma representar pessoas
genéricas e não personalidades reais ou específicas.
Dizem os estudiosos que o cartum é mais universal e atemporal que a
charge e menos vinculado à situação sociopolítica do desenhista.
Portanto, a charge tende a ser mais política e mais localizada. Ela se
vincula tematicamente aos fatos mais imediatos e às pessoas importantes
em determinadas épocas e locais. Por isso, ela também envelhece muito
mais rápido que o cartum, pois o pretexto político e as figuras
apresentadas são substituídas por novos a cada dia.
Em
síntese: o cartum é uma forma, crítica e bem-homorada, de apresentar
fatos do dia-a-dia, sem fazer referência específica às pessoas. No
cartum são apresentados tipos representantes de classes sociais,
políticos etc. Já a charge é um tipo especial de cartum. ela também
apresenta a crítica de forma humorística, mas diferentemente do cartum,
permite que se identifique as personagens nela retratadas por meio das
características físicas que apresentam. Essas características são quase
sempre exageradas.
A compreensão de charges e cartuns exige que tenhamos conhecimento de
mundo e, muitas vezes, também exige a leitura de outros textos da mídia,
como notícias, editoriais, entrevistas, etc.
Conhecimento de mundo
- Adquirido pela experiência do dia a dia, são armazenados na memória em blocos (modelos cognitivos). São eles:
- esquemas (conhecimento armazenado em seqüência temporal ou causal): funcionamento de um aparelho, por exemplo.
- planos (conhecimento de como agir para atingir um objetivo): vencer uma partida de xadrez.
- scripts (conhecimentos sobre modos de agir altamente estereotipados em dada cultura): rituais religiosos; fórmulas de cortesia (“aparece lá em casa”, “não some não”); praxes jurídicas, parlamentares.
- Também faz parte desse processo conhecer os esquemas textuais, como o conhecimento acerca das tipologias e gêneros textuais. Exemplo: distinguir uma piada de uma receita ou de um conto de fadas.
- Além do conhecimento adquirido pela experiência, ainda existe o conhecimento dito científico, aprendido nos livros e na escola.
(KOCH, I. V. & TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001)
Intertextualidade: recurso pelo qual recorremos ao conhecimento prévio de outros textos
Intertextualidade de forma:
repetição de expressões, enunciados ou trechos de outros textos, ou
então o estilo de determinado autor ou de determinados tipos de
discurso.
Intertextualidade de conteúdo:
os textos de uma determinada época, de uma determinada área de
conhecimento, de uma mesma cultura, etc dialogam uns com os outros. A
intertextualidade de conteúdo é comum em matérias jornalísticas (mesmo
jornal ou jornais diferentes; noticiários de TV, rádio). Também é comum
em letras de músicas, assim como a apropriação de provérbios e ditos
populares, em nossas conversas ou textos escritos.
(KOCH, I. V. & TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001)
O conhecimento humano é transmitido pela linguagem, que pode ser verbal
e não- verbal (sem o uso de palavras). Podemos percebê-lo em
manifestações como a pintura, a dança, a escultura; também em
caricaturas, nas charges, nos cartuns. O não-verbal, cada vez mais,
compartilha o espaço do verbal não só na mídia, como em todos os setores
da comunicação, feita para grandes públicos.
Charge
- relata um fato ocorrido em uma época definida, dentro de um
determinado contexto cultural, econômico e social específico e que
depende do conhecimento desses fatores para ser entendida. Fora desse
contexto ela provavelmente perderá sua força comunicativa, portanto é
perecível. Justamente por conta desta característica, a charge tem um
papel importantíssimo como registro histórico.
-são temporais e a gente só pode vender naquele momento preciso.
-tem mais afinidade com os temas políticos e podem ter um sentido mais
partidário, pode-se pinçar um ângulo diferente entre os partidos, entre
os políticos que estão ligados ao poder ou à oposição.
- texto atraente aos olhos do leitor; afinal, a imagem é de rápida
leitura, transmitindo múltiplas informações de uma só vez.
- o leitor do texto chárgico tem que estar bem informado acerca do tema
abordado, para que possa compreender e captar seu teor crítico. Afinal,
ali está focalizada e sintetizada uma certa realidade. E somente os que
conhecem essa realidade efetivamente entendem a charge.
Texto baseado
em pesquisa disponível em http://www.filologia.org.br/ixcnlf/5/03.htm
Cartum
- texto humorístico no qual autor realiza a crítica social, a crítica
de costumes, focalizando uma realidade genérica e, por isso, desconhece
os limites de tempo que a crítica a personagens, fatos e acontecimentos
políticos impõe.
- para conseguir o humor em seus textos, muitas vezes o chargista e o cartunista recorrem à caricatura.
(Baseado em texto disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos
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