domingo, 24 de março de 2013

Charge e Cartum


O Humor é um caminho.” (Ziraldo, 1969) 

“O humor compreende também o mau humor. O mau humor é que não compreende nada.”   
(Millôr Fernandes) 


      Charge e cartum são desenhos humorísticos relativamente pequenos, sintéticos, que costuma ser publicados na imprensa.

     Charge é uma palavra de origem francesa que significa carga, exagero ou mesmo ataque, o que já revela seu caráter agressivo. Ela costuma satirizar um fato ou personagem específica, fazendo usualmente uma crítica de cunho político a respeito de um assunto de conhecimento público.
 
     Já o cartum é um desenho de cunho anedótico, acompanhado ou não de palavras, que trata de temas mais amplos. Costuma representar pessoas genéricas e não personalidades reais ou específicas.
 
     Dizem os estudiosos que o cartum é mais universal e atemporal que a charge e menos vinculado à situação sociopolítica do desenhista.
 
     Portanto, a charge tende a ser mais política e mais localizada. Ela se vincula tematicamente aos fatos mais imediatos e às pessoas importantes em determinadas épocas e locais. Por isso, ela também envelhece muito mais rápido que o cartum, pois o pretexto político e as figuras apresentadas são substituídas por novos a cada dia.
 
     Em síntese: o cartum é uma forma, crítica e bem-homorada, de apresentar fatos do dia-a-dia, sem fazer referência específica às pessoas. No cartum são apresentados tipos representantes de classes sociais, políticos etc. Já a charge é um tipo especial de cartum. ela também apresenta a crítica de forma humorística, mas diferentemente do cartum, permite que se identifique as personagens nela retratadas por meio das características físicas que apresentam. Essas características são quase sempre exageradas.
 
     A compreensão de charges e cartuns exige que tenhamos conhecimento de mundo e, muitas vezes, também exige a leitura de outros textos da mídia, como notícias, editoriais, entrevistas, etc.
 
     Conhecimento de mundo 
  • Adquirido pela experiência do dia a dia, são armazenados na memória em blocos (modelos cognitivos). São eles:
         - frames (conhecimento armazenado em rótulos, sem ordenação entre eles): Carnaval, Natal
         - esquemas (conhecimento armazenado em seqüência temporal ou causal): funcionamento de um aparelho, por exemplo.
         - planos (conhecimento de como agir para atingir um objetivo): vencer uma partida de xadrez.         
         - scripts (conhecimentos sobre modos de agir altamente estereotipados em dada cultura): rituais religiosos; fórmulas de cortesia (“aparece lá em casa”, “não some não”); praxes jurídicas, parlamentares.

  • Também faz parte desse processo conhecer os esquemas textuais, como o conhecimento acerca das tipologias e gêneros textuais. Exemplo: distinguir uma piada de uma receita ou de um conto de fadas.

  • Além do conhecimento adquirido pela experiência, ainda existe o conhecimento dito científico, aprendido nos livros e na escola.                        
(KOCH, I. V. & TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual.  São Paulo: Contexto, 2001)
 
Intertextualidade: recurso pelo qual recorremos ao conhecimento prévio de outros textos   
Intertextualidade de forma: repetição de expressões, enunciados ou trechos de outros textos, ou então o estilo de determinado autor ou de determinados tipos de discurso.  
Intertextualidade de conteúdo: os textos de uma determinada época, de uma determinada área de conhecimento, de uma mesma cultura, etc dialogam uns com os outros. A intertextualidade de conteúdo é comum em matérias jornalísticas (mesmo jornal ou jornais diferentes; noticiários de TV, rádio). Também é comum em letras de músicas, assim como a apropriação de provérbios e ditos populares, em nossas conversas ou textos escritos.                   
(KOCH, I. V. & TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual.  São Paulo: Contexto, 2001)

      O conhecimento humano é transmitido pela linguagem, que pode ser verbal e não- verbal (sem o uso de palavras). Podemos percebê-lo  em manifestações como a pintura, a dança, a escultura; também em caricaturas, nas charges, nos cartuns. O não-verbal, cada vez mais, compartilha o espaço do verbal não só na mídia, como em todos os setores da comunicação, feita para grandes públicos.
 
     Charge
- relata um fato ocorrido em uma época definida, dentro de um determinado contexto cultural, econômico e social específico e que depende do conhecimento desses fatores para ser entendida. Fora desse contexto ela provavelmente perderá sua força comunicativa, portanto é perecível. Justamente por conta desta característica, a charge tem um papel importantíssimo como registro histórico.                                                                         
-são temporais e a gente só pode vender naquele momento preciso.   
-tem mais afinidade com os temas políticos e podem ter um sentido mais partidário, pode-se pinçar um ângulo diferente entre os partidos, entre os políticos que estão ligados ao poder ou à oposição.   
- texto atraente aos olhos do leitor; afinal,  a imagem é de rápida leitura, transmitindo múltiplas informações de uma só vez.   
- o leitor do texto chárgico tem que estar bem informado acerca do tema abordado, para que possa compreender e captar seu teor crítico. Afinal, ali está focalizada e sintetizada uma certa realidade. E somente os que conhecem essa realidade efetivamente entendem a charge. 

Texto baseado em pesquisa disponível em http://www.filologia.org.br/ixcnlf/5/03.htm    

       
     Cartum
- texto humorístico no qual autor realiza a crítica social, a crítica de costumes, focalizando uma realidade genérica e, por isso, desconhece os limites de tempo que a crítica a personagens, fatos  e acontecimentos políticos impõe.   
- para conseguir o humor em seus textos, muitas vezes o chargista e o cartunista recorrem à caricatura.
(Baseado em texto disponível em:  
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos  

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