Considere o texto abaixo para responder à questão a seguir:
A
desigualdade persistente entre o que chamavam o primeiro e o terceiro
mundo mantém com relativa vigência alguns de seus postulados. Mas ainda
que as decisões e benefícios dos intercâmbios se concentrem nas
burguesias das metrópoles, novos processos tornam mais complexa a
assimetria: a descentralização das empresas, a simultaneidade planetária
da informação e a adequação de certos saberes e imagens internacionais
aos conhecimentos e hábitos de cada povo. A disseminação dos produtos
simbólicos pela eletrônica e pela telemática, o uso de satélites e
computadores na difusão cultural também impedem de continuar vendo os
confrontos dos países periféricos como combates frontais com nações
geograficamente definidas.
(Néstor
G. Canclini, Culturas híbridas – estratégias para entrar e sair da
modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa P. Cintrão, p. 310,
com adaptações)
(SECRETARIA MUNICIPAL DE FAZENDA/RJ – 2010 – ESAF) 1 - No desenvolvimento do texto, a ideia de
(A) “desigualdade persistente” é retomada como “disseminação dos produtos simbólicos”.
(B) “simultaneidade planetária da informação” é retomada como “uso de satélites”.
(C) “postulados” é retomada como “novos processos”.
(D) “benefícios dos intercâmbios” é retomada como “descentralização das empresas”.
(E) “terceiro mundo” é retomada como “países periféricos”.
A questão a seguir toma por base o seguinte texto.
Tradicional
defensor de instrumentos ortodoxos de política econômica, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) admitiu o uso de controles de capital para
combater a formação de bolhas financeiras e o fluxo exagerado de
investimentos estrangeiros que valorizam excessivamente as moedas
nacionais em relação ao dólar. Entre as opções, está a tributação do
ingresso de recursos, caminho escolhido pelo Brasil, que elevou de 4%
para 6% a alíquota do imposto de operações financeiras (IOF) nas
aplicações de renda fixa. Outra possibilidade é a proibição de retirada
do dinheiro por um tempo determinado, como fez o Chile. Por enquanto a
equipe econômica brasileira resiste em adotar este passo, pois, para o
economista americano J. L., o reforço no balanço orçamentário e as
ações de caráter mais estrutural são, muitas vezes, as respostas mais
adequadas para o aumento de fl uxos. “Mas pode haver circunstâncias em
que os controles cambiais sejam úteis, numa medida temporária, para
lidar com esse crescimento de capital”, afirma.
(Adaptado de Correio Braziliense, 19 de outubro de 2010)
(CVM – 2010 – ESAF) 2 - Na organização das relações de coesão e coerência no texto, a expressão
(A) “caminho escolhido pelo Brasil” retoma a ideia de “tributação do ingresso de recursos”.
(B) “fluxo exagerado de investimentos estrangeiros” retoma a ideia de “bolhas financeiras”.
(C) “ações de caráter mais estrutural” retoma a ideia de “bolhas financeiras”.
(D) “controles cambiais” retoma a ideia de “ações de caráter mais estrutural”.
(E) “esse crescimento de capital” retoma a ideia de “aplicações de renda fixa”.
Leia o texto para responder às próximas 3 questões.
Sobre os perigos da leitura
Nos
tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da
comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é
um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade
dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20
minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada?
Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos
amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista
de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei
brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os
candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o
candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer confiante, eu lhe
fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: “Fale-nos sobre aquilo que
você gostaria de falar!”. [...]
A
reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o
oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles
gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso.
Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam
sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da
infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes
tinha sido ensinado!
Na
verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se
interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado
pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 3 - A palavra “a”, em – ...no entanto, não foi a esperada. (3.º parágrafo), refere-se a
(A) candidatos.
(B) pergunta.
(C) reação.
(D) falar.
(E) gostaria.
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 4 - A expressão “um vazio imenso” (3.º parágrafo) refere-se a
(A) candidatos.
(B) pânico.
(C) eles.
(D) reação.
(E) esse campo.
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 5 - As palavras que, no 3.º parágrafo, retomam o termo “os candidatos”, são:
(A) eles, outros, próprios.
(B) eles, isso, próprios.
(C) aquilo, eles, seus.
(D) eles, lhes, sua.
(E) aquilo, isso, próprios.
Leia o texto para responder à questão a seguir:
Zelosa
com sua imagem, a empresa multinacional Gillette retirou a bola da
mão, em uma das suas publicidades, do atacante francês Thierry Henry,
garoto-propaganda da marca com quem tem um contrato de 8,4 milhões de
dólares anuais. A jogada previne os efeitos desastrosos para vendas de
seus produtos, depois que o jogador trapaceou, tocando e controlando a
bola com a mão, para ajudar no gol que classificou a França para a Copa
do Mundo de 2010. (...)
Na
França, onde 8 em cada dez franceses reprovam o gesto irregular,
Thierry aparece com a mão no bolso. Os publicitários franceses acham que
o gato subiu no telhado. A Gillette prepara o rompimento do contrato. O
serviço de comunicação da gigante Procter & Gamble, proprietária
da Gillette, diz que não.
Em
todo caso, a empresa gostaria que o jogo fosse refeito, que a trapaça
não tivesse acontecido. Na impossibilidade, refez o que está ao seu
alcance, sua publicidade.
Segundo
lista da revista Forbes, Thierry Henry é o terceiro jogador de futebol
que mais lucra com a publicidade – seus contratos somam 28 milhões de
dólares anuais. (...)
(Veja, 02.11.2009. Adaptado)
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 6 -
Assinale a alternativa em que todas as palavras ou expressões
recuperam, por coesão textual, o fato de Thierry ter controlado a bola
com a mão.
(A) jogada, gesto irregular.
(B) jogada, impossibilidade.
(C) impossibilidade, trapaça.
(D) gesto irregular, trapaça.
(E) gesto irregular, mão no bolso.
Leia o texto para responder à questão a seguir.
Quanto veneno tem nossa comida?
Desde
que os pesticidas sintéticos começaram a ser produzidos em larga
escala, na década de 1940, há dúvidas sobre o perigo para a saúde
humana. No campo, em contato direto com agrotóxicos, alguns
trabalhadores rurais apresentaram intoxicações sérias. Para avaliar o
risco de gente que apenas consome os alimentos, cientistas costumam
fazer testes com ratos e cães, alimentados com doses altas desses
venenos. A partir do resultado desses testes e da análise de alimentos
in natura (para determinar o grau de resíduos do pesticida na comida), a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece os
valores máximos de uso dos agrotóxicos para cada cultura. Esses valores
têm sido desrespeitados, segundo as amostras da Anvisa. Alguns
alimentos têm excesso de resíduos, outros têm resíduos de agrotóxicos
que nem deveriam estar lá. Esses excessos, isoladamente, não são tão
prejudiciais, porque em geral não ultrapassam os limites que o corpo
humano aguenta. O maior problema é que eles se somam – ninguém come
apenas um tipo de alimento.
(Francine Lima, Revista Época, 09.08.2010)
(CREMESP – 2011 - VUNESP) 7 - Para
avaliar o risco de gente que apenas consome os alimentos, cientistas
costumam fazer testes com ratos e cães, alimentados com doses altas desses venenos. A expressão em destaque refere-se aos
(A) alimentos consumidos pelos trabalhadores.
(B) ratos usados para testes.
(C) cães que ingerem alimentos com agrotóxicos.
(D) pesticidas sintéticos e agrotóxicos.
(E) alimentos in natura.
Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.
CIDADE MARAVILHOSA?
Os camelôs são pais de
famílias bem pobres, e, então, merecem nossa simpatia e nosso carinho;
logo eles se multiplicam por 1000. Aqui em frente à minha casa, na
Praça General Osório, existe há muito tempo a feira hippie. Artistas e
artesãos expõem ali aos domingos e vendem suas coisas. Uma feira um
tanto organizada demais: sempre os mesmos artistas mostrando coisas
quase sempre sem interesse. Sempre achei que deveria haver um canto em
que qualquer artista pudesse vender um quadro; qualquer artista ou
mesmo qualquer pessoa, sem alvarás nem licenças. Enfim, o fato é que a
feira funcionava, muita gente comprava coisas – tudo bem. Pois de
repente, de um lado e outro, na Rua Visconde de Pirajá, apareceram
barracas atravancando as calçadas, vendendo de tudo - roupas, louças,
frutas, miudezas, brinquedos, objetos usados, ampolas de óleo de
bronzear, passarinhos, pipocas, aspirinas, sorvetes, canivetes. E as
praias foram invadidas por 1000 vendedores. Na rua e na areia, uma
orgia de cães. Nunca vi tantos cães no Rio, e presumo que muita gente
anda com eles para se defender de assaltantes. O resultado é uma
sujeira múltipla, que exige cuidado do pedestre para não pisar naquelas
coisas. E aquelas coisas secam, viram poeira, unem-se a cascas de
frutas podres e dejetos de toda ordem, e restos de peixes da feira das
terças, e folhas, e cusparadas, e jornais velhos; uma poeira dos três
reinos da natureza e de todas as servidões humanas.
Ah, se venta um pouco o
noroeste, logo ela vai-se elevar, essa poeira, girando no ar, entrar
em nosso pulmão numa lufada de ar quente. Antigamente a gente fugia
para a praia, para o mar. Agora há gente demais, a praia está
excessivamente cheia. Está bem, está bem, o mar, o mar é do povo, como a
praça é do condor – mas podia haver menos cães e bolas e pranchas e
barcos e camelôs e ratos de praia e assaltantes que trabalham até
dentro d’água, com um canivete na barriga alheia, e sujeitos que
carregam caixas de isopor e anunciam sorvetes e quando o inocente
cidadão pede picolé de manga, eis que ele abre a caixa e de lá puxa a
arma. Cada dia inventam um golpe novo: a juventude é muito criativa, e
os assaltantes são quase sempre muito jovens.
Rubem Braga
(UFRJ – 2010 – NCE/UFRJ) 8 - Assinale a alternativa em que o antecedente do termo sublinhado NÃO está localizado no mesmo segmento destacado do texto:
(A) “...eis que ele abre a caixa e de lá puxa a arma”;
(B) “Artistas e artesãos expõem ali aos domingos, e vendem suas coisas”;
(C) “O resultado é uma sujeira múltipla, que exige cuidado do pedestre...”;
(D) “Enfim, o fato é que a feira funcionava, muita gente comprava coisas...”;
(E) “Nunca vi tantos cães no Rio, e presumo que muita gente anda com eles...”.
Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.
Convivas de boa memória
Há
dessas reminiscências que não descansam antes que a pena ou a língua as
publique. Um antigo dizia arrenegar de conviva que tem boa memória. A
vida é cheia de tais convivas, e eu sou acaso um deles, conquanto a
prova de ter a memória fraca seja exatamente não me acudir agora o nome
de tal antigo; mas era um antigo, e basta.
Não,
não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém que
tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas nem caras nem nomes, e
somente raras circunstâncias. A quem passe a vida na mesma casa de
família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é
que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição. Como eu invejo os
que não esqueceram a cor das primeiras calças que vestiram! Eu não atino
com a das que enfiei ontem. Juro só que não eram amarelas porque
execro essa cor; mas isso mesmo pode ser olvido e confusão.
E
antes seja olvido que confusão; explico-me. Nada se emenda bem nos
livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando
leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em
chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as coisas que não
achei nele. Quantas ideias finas me acodem então! Que de reflexões
profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas
lidas, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os
seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na
bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha
com uma alma imprevista.
É que
tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as
lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.
(Assis, de Machado. Dom Casmurro – Editora Scipione – 1994 – pág. 65)
(DETRAN/RN – 2010 – FGV) 9 - “... mas isso mesmo pode ser olvido e confusão.” A palavra sublinhada nessa frase se refere:
(A) À precária memória do narrador.
(B) Às pessoas que viveram em hospedarias.
(C) À vida dos convivas.
(D) Às pessoas que passam a vida na mesma casa de família.
(E) Ao narrador não se lembrar da cor das calças.
Leia o texto a seguir e responda à próxima questão.
Os dicionários de meu pai
Pouco
antes de morrer, meu pai me chamou ao escritório e me entregou um livro
de capa preta que eu nunca havia visto. Era o dicionário analógico de
Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Ficava quase escondido, perto
dos cinco grandes volumes do dicionário Caldas Aulete, entre outros
livros de consulta que papai mantinha ao alcance da mão numa estante
giratória. Isso pode te servir, foi mais ou menos o que ele então me
disse, no seu falar meio grunhido. Era como se ele,cansado, me passasse
um bastão que de alguma forma eu deveria levar adiante. E por um tempo
aquele livro me ajudou no acabamento de romances e letras de canções,
sem falar das horas em que eu o folheava à toa; o amor aos dicionários,
para o sérvio Milorad Pavic, autor de romances-enciclopédias, é um
traço infantil de caráter de um homem adulto.
Palavra
puxa palavra, e escarafunchar o dicionário analógico foi virando para
mim um passatempo. O resultado é que o livro, herdado já em estado
precário, começou a se esfarelar nos meus dedos. Encostei-o na estante
das relíquias ao descobrir, num sebo atrás da sala Cecília Meireles, o
mesmo dicionário em encadernação de percalina. Por dentro estava em boas
condições, apesar de algumas manchas amareladas, e de trazer na folha
de rosto a palavra anauê, escrita a caneta-tinteiro.
Com
esse livro escrevi novas canções e romances, decifrei enigmas, fechei
muitas palavras cruzadas. E ao vê-lo dar sinais de fadiga, saí de sebo
em sebo pelo Rio de Janeiro para me garantir um dicionário analógico de
reserva. Encontrei dois, mas não me dei por satisfeito, fiquei viciado
no negócio. Dei de vasculhar livrarias país afora, só em São Paulo
adquiri meia dúzia de exemplares, e ainda arrematei o último à venda a
Amazom.com antes que algum aventureiro o fizesse. Eu já imaginava deter o
monopólio (açambarcamento, exclusividade, hegemonia, senhorio,
império) de dicionários analógicos da língua portuguesa, não fosse pelo
senhor João Ubaldo Ribeiro, que ao que me consta também tem um quiçá
carcomido pelas traças (brocas, carunchos, gusanos, cupins, térmitas,
cáries, lagartas-rosadas, gafanhotos, bichos-carpinteiros).
A
horas mortas eu corria os olhos pela minha prateleira repleta de livros
gêmeos, escolhia um a esmo e o abria a bel-prazer. Então anotava num
Moleskine as palavras mais preciosas, a fim de esmerar o vocabulário com
que embasbacaria as moças e esmagaria meus rivais.
Hoje
sou surpreendido pelo anúncio desta nova edição do dicionário analógico
de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Sinto como se invadissem
minha propriedade, revirassem meus baús, espalhassem ao vento meu
tesouro. Trata-se para mim de uma terrível (funesta, nefasta, macabra,
atroz, abominável, dilacerante, miseranda) notícia.
(Francisco Buarque de Hollanda, Revista Piauí, junho de 2010)
(FAETEC/RJ – 2010 – CEPERJ) 10 - Em “Isso pode te servir” (meio do primeiro parágrafo), o pronome demonstrativo tem como referente:
(A) o dicionário analógico
(B) o dicionário Caldas Aulete
(C) os livros de consulta
(D) a estante giratória
(E) os cinco grandes volumes
GABARITO
1 - E
2 - A
3 - C
4 - E
5 - D
6 - D
7 - D
8 - D
9 - E
10 - A
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8 - D
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